quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

2ª carta ao Paulo



Então Paulo! O que é que te deu? Entravas por aqui a qualquer hora, saías quando querias sem uma “boa-noite” ou um obrigado, e agora dizem-me que foste tu quem matou a idosa em Lanheses!?
Sempre me pareceste incapaz de levantar as mãos acima dos ombros para qualquer tarefa, quanto mais para arrombar uma porta e entrar pela casa adentro e agredir tão violentamente alguém a ponto de a matar! Confesso que não te imaginava nesses preparos! De roubar, não me admiro, por te saber marginalizado pelos teus e sem apoio da Segurança Social. Mas de matar, custa!
Também, pensando bem, o que é que perdes por ir para a cadeia? Nada! Vais ter médico para a “bronquite”, remédios e comida de graça … e … a horas, cama lavada, corte de cabelo de vez em quando e, com sorte, até um pouco de droga para matar saudade e um parceiro à tua medida, para te contar histórias que te façam voar o pensamento.
Pena é, que não tenhas feito outro tipo de crime, mas nos tempos que correm está difícil ser preso, sem ser libertado no dia seguinte, e lá terias de esgravatar as sobras de uma refeição alheia, ou bater pela enésima vez à porta do hospital. Roubar já não dá essa garantia! Dar uns murros, igual! Sobrava-te a violação e o assassínio, já que não te vejo a elaborar planos para crime mais complexo.
Queres um conselho? Arranja uns ventilões e tem-nos sempre à mão. É melhor que nada! Assim, se o carcereiro se distrair e não to der a horas, vais bombando para que não acordes com o céu da boca gelado.
E conforma-te com a vida que te saiu em sorte: pobre, cigano e toxicodependente.

És um bom exemplo de que vale mais ser rico e ter saúde, que ser pobre e estar doente!

Adeus!

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