quinta-feira, 20 de maio de 2010

Carta ao Paulo



-Hoje não te vi, mas não me admirei, porque tu não és assíduo. Vens no limite, quando o corpo to exige. Não tens ambulância às ordens, nem discernimento para aproveitares o que esta casa te pode dar. Talvez andes protegido pelo bom tempo!
-Sabes? O Costa lá se foi! Sim, aquele que se sentava no canto oposto ao teu! Não te deve interessar nada, que vocês não partilhavam intimidades, mas ficas a saber que agora há mais espaço e que escusas de te encolher em qualquer canto. Não penses que estas palavras são um convite para lhe tirares os louros, que não te vejo a ombrear com ele. Os teus 41 anos de "mundo" sugaram-te a carne, e deixaram-te pouco mais que o cabelo e a pele pendurada nas clavículas, quando, de início, até eras um gajo gordo. Tens um honroso 2º lugar, e não ficas mal. Ganhaste-lhe em dias de internamento (204), 180 dos quais gastos em promessas de "desintoxicações", mas as tuas 968 vindas ao Serviço de Urgência, nestes últimos 5 anos, deixam-te a milhas dele.
Para além disso, és 1º em "Altas por Abandono", já que a maior parte das vezes entras mudo e sais calado, quando sentes que as pernas te conseguem levar daqui. Não é grande coisa, mas entende que as migalhas são pão, e que estamos em tempo de crise.

Dá notícias! Até 5ª
Fernando

2 comentários:

Anónimo disse...

O Pobre, aufere sem trabalhar mais de 500 Euros por mês....
...e só é pena que a ambulância não o leve a casa, após o PA diário no SU.
O Pobre tem que ir a pé e ainda são 15 Km.
Pergunte-lhe 5ª feira...

Anónimo disse...

Por este andar, ainda me vou divertir a ler cartas à saudosa Maria Costa ou ao Rolo, ou até quem sabe ao Jaime, ao Carlos Alberto e afins...

Aguarda-se