Lembro-me dele. Era mau como as cobras. Apanhava bebedeira de meia-noite e batia na mulher forte e feio. Há para aí uns seis anos morreu e ela passou a ir todos os sábados ao cemitério pôr-lhe flores na sepultura. Mas não eram umas flores quaisquer. Eram flores caras, compradas na florista. Aquilo dava nas vistas porque era a campa mais bem arranjada da freguesia.
Um dia, uma amiga chegada perguntou-lhe:
- Oh mulher! Ele deu-te tão mau viver e tu vens todas as semanas pôr-lhe flores deste jeito! Que ideia é essa?
A senhora, temente a Deus e às almas do outro mundo, olhou para o lado, para se certificar que ninguém a ouvia, e segredou-lhe: - Sabes!? É que eu tenho medo que ele volte!
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