Leio Gonçalo M. Tavares, in "Atlas do Corpo e da Imaginação",
2.1 - Os Outros
Legislação
Para os Gregos, ao contrário de civilizações posteriores e do que actualmente se considera, a função de legislar não era uma actividade política. O legislador era tratado como qualquer outro artesão e podia ser trazido de fora e contratado, enquanto os actos políticos eram "privilégio exclusivo dos cidadãos". Um artesão de frases sensatas, frases claras, entendíveis por todos, um profissional que transforma os conceitos em redor da justiça em frases, tal como um artesão transforma a ideia de espada em espada, actuando sobre a matéria.
Antes que os homens começassem a agir, era necessário assegurar um lugar definido e nele erguer uma estrutura dentro da qual pudessem exercer todas as acções subsequentes; o espaço era a esfera pública da Polis e a estrutura era a sua lei;
Não se trata de acção (praxis), mas de fabricação (poiesis); as leis fabricam-se como se fossem o objecto para o qual os justos olham de modo a agir correctamente e em benefício do bem comum e da cidade.
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