segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Medicamento do Ano


Fim de ano. Liga-se a TV, o rádio ou abre-se uma revista ou um jornal, e ouvem-se e lêem-se os “balanços” e o nome das “Personagens do ano”, o que desperta em nós a vontade de rever os factos que mais nos tenham impressionado em 2013.

E é por isso que, deste meu púlpito, depois de pensar nas personagens públicas e nas menos públicas que me rodearam e, pesando as chatices que podem cai sobre quem não é “Anónimo”, decidi eleger “O Medicamento do Ano”.

Nesta minha escolha, seria lógico que o vencedor fosse algum que tivesse alterado o rumo de uma doença e melhorado significativamente a sobrevida de quem dela padece.
Mas não foi o progresso que me moveu. Do mesmo modo que houve quem elegesse Miguel Relvas – personagem de 2013, por ter congregado o que os portugueses não queriam ver num político, eu elejo o “Memofante”, que apesar de muito mais inócuo (só faz mal à carteira de quem o compra), cria expectativas irreais a quem teme uma demência.

E porquê esta minha escolha e não o Herbalife ou outro dos muitos placebos à venda nas Farmácias e Parafarmácias?
A razão é só uma: Porque há quem o prescreva no SNS ... com regularidade!

Como acontece em todas as profissões, o saber e o “estar” dos médicos, vai do excelente ao mau, embora fosse suposto que, por lidarem com a doença e a vida das pessoas, o mau, quando identificado, fosse rapidamente removido, para bem da classe, da população e do erário público, pois quando um problema grave não é de início bem orientado, ou deixa de ser possível corrigi-lo, ou envolve encargos muito superiores. Além disso, quando um médico se fixa numa terapêutica de eficácia marginal, com grandes custos para o Estado e/ou para o utente, leva a pensar que poderá colher algum benefício dessa prescrição.

Com o aumento da vida média da população, o natural envelhecimento do cérebro ocasiona perda de faculdades, sem se dever rotular toda essa gente de “demente” e prescrever-lhe anti-demenciais, que são caros e de eficácia limitada, resistindo à pressão dos doentes, familiares e da indústria farmacêutica que, nem sempre usa meios legais para os promover. O seu uso deve ser fundamentado e monitorizado, para se suspender em caso de não resposta.

Actualmente, muitos deles têm genérico e é já possível analisar o perfil de prescrição dos médicos no Serviço Nacional de Saúde, onde o Estado (todos nós) é o pagador, pelo que, quem tem conluios com Laboratórios, corre riscos de ser “chamado à pedra”, principalmente se é reincidente. Mas a prescrição médica de produtos não comparticipados, foge a esse controle, e só a denuncia permite actuação.

Mas quando quem tem o dever de "controlar", evita “comprar” conflitos deste tipo, por temer a reacção de algum "traficante de influência", seja ele de uma Multinacional, da esfera do poder, do Clero, da Maçonaria ou da Opus Dei, acabamos por aceitar a "banalidade do mal" como uma filosofia de vida, e não há placebo que não chegue ao Top de vendas de um país.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem! concordo!!
assinado: ANONIMO claro, para que as altas e veneráveis instâncias não se amofinem