A palavra e um aperto de mão. Capacidade técnica e cidadania para assumir um contrato com as suas contrariedades. Confiança.
Noutro tempo era assim e quando a coisa corria mal havia justiça por mão própria, já que tribunais eram uma "comedoria” a que só os ricos se atreviam.
Aceitavam-se encomendas possíveis e não se falava em “derrapagens”, nem se jogava um preço, para ganhar a obra, para depois inventar necessidades para duplicar custos e alocá-los ao cliente.
Aos poucos diminuiu a confiança e multiplicaram-se os advogados e os contractos cheios de páginas que se assinam sem ler, com termos técnicos que a população ignora.
No Futebol os treinadores falam do "objectivo"! Um ganhar dito com convicção, mesmo do último contra o primeiro, que há que ter dimensão espiritual e um “práfrentex” de rato vestido de leão não fica mal no meio dos fracos e … quanto mais longe de ti, mais franco te falo. .
Agora contrato, chama-se “contratualização” e definem-se números que urge cumprir, e é esta fixação em objectivos "numéricos" nas instituições que distorcem as práticas e lhes desvirtuam as funções.
No Sistema Nacional de Saúde (eu já não ouso falar em SNS) as “contratualizações” com Hospitais e Unidades de Saúde Familiares levaram médicos a deixar de ter como objectivo primeiro a melhoria dos seus doentes, para passarem a praticar uma Medicina Baseada nos Indicadores, porque o seu incumprimento pode levar a desclassificação, não progressão ou despromoção, com penalizações remuneratórias.
A malta “apugilista” do “sistema”, evita a responsabilização das direcções, para assim poder nomear “boys” cujo único "know how" é o de vigia de números, ignorando que quem verdadeiramente controla as boas práticas de profissões técnicas são os oficiais do mesmo ofício, se lhes derem essa possibilidade.
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