Lembro-me dela. Teria pouco mais de trinta anos, embora as rugas da face, em alguns ângulos, pudessem indicar mais uma década.
O motivo da consulta fora o filho que, temeroso, lhe segurava a saia. Coisa pouca, mas suficiente para dificultar a jorna desses dias.
- A senhora é casada?
- Sim!. Baixou os olhos e respondeu entre dentes:
- O meu marido está preso!
E de seguida, para corrigir o que me podia parecer uma indignidade, olhou-me de frente e completou:
- Dr.! Mas é por matar! Não é por roubar!
…
Ribeira de Pena (1979)
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