terça-feira, 18 de junho de 2019

Berta Isla


Aconselharam-mo, porque representava alguém que eu conhecia. Não é verdade!. Não conheço nenhum espião, nenhum "infiltrado" com peso às costas por muitas traições e mortes, nem nenhuma mulher que espere eternamente por um marido desaparecido.
Não o achei "verosímil", embora seja possuidor de conceitos que nos levem a pensar que o "poder" tem capacidade para alterar subrepticia e significativamente a nossa vida.

Ficaram-me duas frases:
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Mas Mr. Southworth era naturalmente cortês, ilustre e sábio, tal como o professor Wheeler, ainda mais (seria nomeado Sir Peter Wheeler pouco mais tarde), e não estava disposto a ir contra a sua maneira de ser para contentar uma massa manipulada, educada na vitimização congénita e no complexo de inferioridade como passaporte, alibi ou motor de existência.
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De facto, há dias em que custa tolerar-me, viver na minha companhia constante. Uma pessoa vai fazendo o que é necessário, está envolvida na tarefa e não pensa. Não tem perspectiva, não há tempo para ter, e mais vale assim enquanto se está activo. Passa-se de um dia para o outro, e todos eles estão cheios de problemas urgentes e de riscos, só há tempo para procurar soluções, e não fica espaço para mais nada. Recebem-se ordens e nem pensar em discuti-las, nem sequer analisá-las. Em certo sentido vive-se comodamente, quando estão sempre a dizer o que devemos fazer. Dá-se ouvidos aos que querem cadeias, não têm nada de ser questionados. Instruções precisas, isto, aquilo e aqueloutro. Ou imprecisas, obter resultados. Eu vivi assim muito tempo, convencido do que fazia, a limitar-me a cumprir o mais eficazmente possível. Quando se está obrigado a qualquer coisa, o melhor é converter-se à causa, tornar-se fanático dessa coisa.
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