- Sr. Dr.! Os meus pais iam à igreja ao domingo e cumpriam os
rituais nos dias santos. Trabalhavam de sol a sol para tratarem dos campos e
dos animais e para juntar algum para o caso de surgir uma desgraça. Não eram pobres,
mas estavam longe de poder dizer que viviam desafogados.
O que poupavam, à boa maneira do Minho, era para comprar ouro
ou algum terreno a um vizinho, mais que para qualquer luxo na casa.
Um dia, a minha mãe adoeceu e, temendo morrer sem ver os filhos criados, apegou-se a Nossa Senhora de Fátima e
prometeu-lhe um dos cordões de ouro que já vinha de família.
Dias depois ficou boa e com aquela promessa para pagar. Mas a vida não lhe permitia folgas e uma ida a
Fátima, naquela altura, era uma dificuldade que não conseguia ultrapassar, por
causa da muita coisa que dependia deles. Então, um dia foi ao pároco da terra perguntar se ele lhe fazia o favor de entregar o cordão em Fátima, de uma vez que lá fosse.
O padre respondeu-lhe que tanto fazia coloca-lo
aos pés da imagem de Nossa Senhora que estava em Fátima, como aos pés da imagem
de Nossa Senhora que estava na igreja da freguesia, pois ela era a mesma, quer
aparecesse aqui ou ali.
Com o espírito prático que sempre lhe conheci, o meu pai foi a uma loja de artigos religiosos, comprou uma Nossa Senhora e, quando chegou a casa, disse à minha mãe: - Dá o cordão a esta Nossa Senhora e assim, se
um dia precisares, pede-lho, que, de certeza, ela to empresta!
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