Estávamos no tempo da “Caixa de Previdência” – seis doentes
por hora, duas horas por dia, cinco dias na semana. Na prática - duas horas e meia – quinze doentes por tarde, para compensar o dia em que se
faltava, por se estar no Serviço de Urgência.
Nesse dia distante de 1981, eu, para além dos meus quinze,
tinha os quinze de uma colega que adoecera, e me pedira para a substituir.
Nunca fui de “despachar” doentes, pacientes, clientes ou utentes (como
se lhes quiserem chamar), pois é a queixa que define o sentido da consulta e não
quem a traz, embora muitas vezes seja mais importante saber que doente tem a
doença, que a doença que o doente tem.
Raramente acabava no tempo previsto, situação que se
complicava quando o número de utentes aumentava. O cansaço dos trinta dessa
tarde de Setembro, deve-me ter levado a algumas críticas ao que entendia como ... “disfuncionalidades”.
Lembro-me de ter comentado o grande número de medicamentos que uma doente me disse estar a tomar, de ter desistido de lhe retirar os que me pareceram desnecessários, e escrever na ficha, para minha colega se dar a esse trabalho: “Ena! Tanto comprimido!!!”
Lembro-me de ter comentado o grande número de medicamentos que uma doente me disse estar a tomar, de ter desistido de lhe retirar os que me pareceram desnecessários, e escrever na ficha, para minha colega se dar a esse trabalho: “Ena! Tanto comprimido!!!”
A carta que me foi entregue, dias depois, é um puxão de
orelhas, que guardei, para me lembrar que há muitas realidades.
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