Era um casal "diferente". Ambos na casa dos setenta. Vinham à consulta como quem ia à Ópera. Ela de tacão alto, roupa vistosa e perfume de encher pavilhão. Ele aprumado, sapato a espelhar e capachinho. -Doutor! Não se nota, pois não?! ... É Eurocave!!, à minha primeira olhadela para o seu cabelo.
Ajeita-lhe a cadeira antes de se sentar.
- Então dona Beatriz, como vai?, pergunto.
Ela tenta responder, mas é ele que se chega à frente para relatar um rol interminável de queixas. Ela faz ligeiras inclinações de cabeça e pisca os olhos, para anuir.
Reparo que ele tem uma cábula na mão, para se não perder. Escreveu-a na máquina de escrever do filho, no dia anterior, para não se esquecer de NADA! Mudou a tinta para o vermelho, para chamar a atenção aos pontos principais, mas esqueceu pormenores e rasurou à mão por cima.
- Posso ficar com essas notas? É mais fácil ser eu a lê-las!
- Oh, Dr.! Fique com elas! Escrevi-as de propósito para si!
- Obrigado!
... ...
(Dada a fraca qualidade das fotos, sugere-se:
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3- no novo separador, clique nas imagens para as aumentar)
O cravo das mãos do povo
Há 8 horas
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