quarta-feira, 26 de março de 2014

Os homens do Pìfaro



Em 1282, a Cidade de Hamelin sofreu uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento  - uma moeda pela cabeça de cada rato. O Homem aceitou. Pegou numa flauta, hipnotizou os ratos e levou-os a afogarem-se no Rio Weser .
Apesar do sucesso, a cidade recusou pagar, afirmando que ele não havia apresentado as cabeças dos ratos. O homem deixou a cidade, mas voltou semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na Igreja, tocou novamente a sua flauta e atraiu, desta vez, as crianças de Hamelin que o seguiram para não mais serem encontrados.
Na cidade, ficaram os opulentos habitantes com as dispensas e os celeiros repletos, protegidos por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza. Apenas três crianças restaram: uma cega, que não conseguiu seguir o flautista, uma surda, que não ouviu a flauta, e uma deficiente que caiu das muletas no caminho.
E foi isso que sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.

Em 2008, nos Estados Unidos, desencadeou-se uma crise financeira que afectou gravemente todo o mundo ocidental. Um dia, chegam a Portugal uns homens que reivindicam ter a solução para o problema português.
Prometeram-lhes um bom pagamento em troca. Eles aceitaram e, de imediato, iniciaram um "aumento brutal de impostos".

Mas ..., mesmo com o país a pagar, atraíram os recém-formados e levaram-nos para o Norte da Europa, onde vão ser enfeitiçados para não mais voltarem.
No país ficaram meia dúzia de opulentos habitantes com as dispensas e os celeiros repletos, protegidos por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza nos Lares de 3ª Idade, para onde foi ou vai ter de ir metade da população.

Quem é capaz de descobrir a diferença entre a história de 1282 e a de 2014?

1 comentário:

andré maia disse...

Por cá, como se deduz pela leitura das crónicas, nem os cegos ficaram. Nem os surdos!...

...E, se calhar, nem os mudos. Mas esses eram os três macacos e, provavelmente por isso, por mais que se procure, a sabedoria já nem nos museus se consegue encontrar.