Em Outubro de 2013, quase milhão e meio de portugueses
estavam emigrados, dez por cento dos quais com educação superior. O Governo
calcula que só em 2013 tenham saído do país entre 100 a 120 mil portugueses,
números que se têm vindo a acentuar desde 2008 e, quem tende a sair está em
idade activa, que também é a idade mais fértil.
Nos últimos 50 anos Portugal assistiu a uma queda do índice
de fecundidade, que passou de 3.20 em 1960 para 1.21 filhos por mulher em 2013.
Em 2013 nasceram 82.787 bebés (o número mais baixo de sempre) quando em 1960
nasceram 213.895.
Os melhores cuidados prestados à população (essencialmente
pelo SNS), para além de uma franca redução da Taxa de Mortalidade Infantil (em
1960 – 77.5, em 2013 – 2,9), também fizeram com que se despistassem muitas
malformações “in útero” e que se procedesse interrupção de gravidez por causa
médica (17.247 em 2011) o que também influenciou a redução da taxa de
Mortalidade Perinatal (42,2 em 1960 - 3,4 em 2013) e da Neonatal (28,0 em 1960
e 1,9 em 2013).
Como consequência, apesar do progressivo aumento da idade
média da mulher no nascimento do primeiro filho, que em 1960 era de 25.0 anos
ter passado para 29,7 anos em 2013, as crianças nascidas são fisicamente mais
saudáveis, mesmo contando com os prematuros com idade gestacional cada vez mais
baixa.
São números facilmente confirmados na
Pordata.
Agora o que não vem lá.
- Que os Serviços de Pediatria não se redimensionaram a
estes factos e as subespecialidades Pediátricas ainda menos, apesar de terem
alargado a “idade pediátrica” até aos 18 anos e da maior preocupação dos pais
com o “seu filho único" a que os pediatras respondem com internamentos de curta duração, múltiplos exames e consultas.
No que respeita a Cirurgia Pediátrica, só na zona Norte, existe
em 4 Hospitais do SNS (Hospital de S. João, Hospital de Santo António, Hospital
de Gaia e Hospital de Braga), sem contar com os privados que lhes fazem
concorrência (Hospital da Boa Nova, Hospital da Arrábida, Hospital da CUF -
Porto, Hospital Privado de Braga).
Hérnias e apendicites há de certeza, mas malformações a
exigirem cirurgias correctivas, devem contar-se pelos dedos de uma mão as
operadas num mês em todos estes serviços. Assim não é possível “ganhar mão” e
ter experiência, mas é possível um razoável ordenado à espera do lá vem um.
Aguardo que o SNS retire metade dos pediatras dos Hospitais
e os coloque em consultas nos Centros de Saúde permanentes ou por períodos e
que concentre algumas das subespecialidades pediátricas, como Cirurgia, Cardiologia,
Gastrenterologia e Oncologia, de modo a que haja experiência “de fazer”, para
além de ficar bem mais barato ao erário público.
Mas é em coisas como esta que o Estado tem dificuldade em
mexer, porque há as “capelas” e os interesses particulares e das Instituições.
São casos semelhantes aos do BES.
Sabe-se que está mal, mas eles são nossos amigos. Só há
ponto final quando vem alguém de fora.
Triste país!