Havia arreganho e pertinácia, mas faltava pundonor naquele jogo, tido como decisivo pela equipa da casa, para quem o empate era suficiente.
Os primeiros minutos foram jogados numa toada morna, para ambientar os jogadores, pois muitos dos titulares estavam amarelados, lesionados ou a cumprir castigo, pelo que a primeira parte não teve história. Os treinadores observaram o adversário e não arriscaram lances que pudessem fragilizar a defesa.
No início da segunda parte surgiram as picardias a meio campo e, de rajada, três jogadores do PSD – Governo levaram cartões amarelos. A partir daí, a equipe do AllStars-Oposição desdobrou-se em fintas e rodriguinhos para provocar o vermelho.
O empate persistia. Alugava-se meio campo, com os visitantes a atirar repetidas vezes a bola para a grande área do PSD-Governo na expectativa do golo num lance fortuito.
O guarda-redes do AllStars, retirara as luvas e limava as unhas no poste da baliza, o treinador gesticulava para o relvado, o público berrava e insultava e o árbitro deixava jogar.
Faltavam quinze minutos para o final quanto Paula Cruz, numa entrada de pés juntos, atinge os tornozelos de Tribuno que rebolou pelo relvado com um grito lancinante. O árbitro conferenciou com os assistentes e, no meio de assobios, de pedidos de vermelho directo e de uma chuva de objectos, mostrou-lhe cartão amarelo.
A falta de qualidade do jogo punha as bancadas a lembrar a ratice de um Carneiro para a frente de ataque, o estilo raçudo do Mendes para confundir a defesa, a habilidade para as bolas altas do Santana ou a trapaceirice do Menezes, velhas glórias com as botas penduradas.
Aos 80 minutos, aconteceu novo caso. Numa completa falta de jeito, o avançado Crato num carrinho atropelou um defesa e um apanha-bolas. Os adeptos levantaram-se temendo a expulsão. O jogador recompôs-se e correu rápido para o árbitro e, ajoelhado, pediu perdão, justificando-se com o mau estado do relvado. Levou cartão amarelo.
Aproximava-se o minuto noventa, sem que a toada do jogo se alterasse e sem que os médios do AllStars dessem criatividade ao ataque, quando surgiu o caso do jogo.
Foi mão dentro da grande área? A falta foi “casual”? Pedro Coelho apontou para o ombro e o árbitro não viu razão para desconfiar da sua palavra. As imagens em “slow-motion” confirmam que a bola ia em direcção à baliza e que foi desviada ao nível da cintura, mas o emaranhado de pernas impediu uma clara observação. Interrompeu-se o jogo. Houve sururu dentro e fora do relvado e temeu-se uma invasão do campo.
Ao fim de alguns minutos um “in dubio pro reo” deu recomeço ao jogo, sem qualquer admoestação ao jogador.
Zero a zero - resultado final.
A AllStars desespera. Culpa o árbitro, o peso da bola, o estado da relva, a hora do jogo, a falta de prolongamento, a “mão de Deus”, a corrupção e fala em vitória-moral e no próximo jogo.
São assim os jogos da terceira divisão!
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