Wishful thinking é uma expressão idiomática inglesa que significa tomar decisões ou seguir raciocínios baseados em desejos, em vez de em factos ou na racionalidade.
Basicamente é uma "fé" em que não hão-de surgir grandes problemas ou, se eles surgirem, havemos de desenrascar uma qualquer solução e tudo irá acabar bem.
Do mestre de obras ao Ministro, há sempre alguém disponível para liderar um projecto que nasce coxo e com fracas possibilidades de se acertar.
O resultado destas lideranças depende da sorte de não lhe surgirem problemas que revelem toda a fragilidade decorrente do incumprimento de normas elementares.
Ele são médicos que assumem chefia de Serviços sem garantirem os meios necessários para a correcção dos erros sistemáticos de que têm conhecimento prévio à sua tomada de posse, são Ministros que dizem assumir a responsabilidade política por erros de gestão gravíssimos de Instituições a quem é pedido a máxima competência, mas que só se mostram "agressivos" na sua correcção, quando a disfunção lhes bate à porta, etc...
Aqui, "Chico-esperto" com historial de corrupção concorre e ganha nas Eleições autárquicas, o amigo do Partido recebe a paga pelo envolvimento eleitoral, o filho do cacique entra nas Instituições por mãos travessas e quando chega o verão lamentam os incêndios e a falta de ordenamento do território e no Inverno o choro de quem vive nas linhas de água ou junto ao mar, atirando responsabilidades para a Natureza ou para as costas uns dos outros, por terem estado enredados com problemas comezinhos, sem qualquer visão de futuro.
Quando se lida com coisas de pouco valor, o "wishful thinking" até funciona, mas quando se trata com a vida das pessoas ou com património de grande utilidade, todo o cuidado é pouco, para não se ser obrigado a explicações "esfarrapadas" como aquelas que ultimamente temos ouvido sobre a catástrofe de Pedrógão Grande, sobre o roubo de armas de guerra do paiol de Tancos ou para desvalorizar a falta de monitorização das curvas de aprendizagem!
Pouca gente com mérito se disponibiliza para assumir responsabilidades quando lhe restringem, não só o orçamento, como o poder para alterar procedimentos, se uma Instituição necessita de modernização e racionalização de recursos.
É esse o espaço para os arrivistas do "wishful thinking" e do "fizemos tudo quanto era possível!"
1 comentário:
O raciocínio esperançoso (wishful thinking) está profundamente enraizado na cultura Portuguesa e presente em todos o níveis económicos e culturais, e está directamente associado ao conceito de sorte ou da falta da mesma, o azar. Somos um povo ou com sorte, ou com azar.
As frases, "depois logo se vê" e "pode ser que não seja nada" são bem reveladoras de uma mentalidade inclinada a deixar ao acaso o resultado de situações sobre as quais se poderia exercer mais control com alguma reflexão e planeamento.
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