- Sr. Dr.! E não me passa o papel para a ambulância?
- Não dona Júlia. A senhora não encaixa na Circular nº 233/PI de 30.12.87 da ex-DGCSP, que regula o transporte em ambulância e, a esta hora, o Serviço Social do Hospital já fechou. Mas olhe que, mesmo que estivesse aberto, duvido que lhe desse solução.
- Não dona Júlia. A senhora não encaixa na Circular nº 233/PI de 30.12.87 da ex-DGCSP, que regula o transporte em ambulância e, a esta hora, o Serviço Social do Hospital já fechou. Mas olhe que, mesmo que estivesse aberto, duvido que lhe desse solução.
- Mas Sr. Dr.!, eu não posso pagar um Táxi cada vez que trago a minha avó à consulta e aos exames. Como é que eu a trago? Quando ela em Janeiro esteve internada, eu demorava quatro horas a chegar ao Hospital, entre o andar a pé e na camioneta, e outras tantas para voltar. Na casa somos três mulheres. Ela é viúva como eu, que perdi o marido há 3 anos debaixo de um tractor e me deixou com dois filhos. A minha mãe está divorciada há cinco, depois do meu pai ficar tolo com uma vizinha e sair de casa. Se não fossem os Bombeiros, como é que eu a trazia?!
Esses Srs. que fazem essas leis em Lisboa, e que têm todas as disponibilidades, deviam ser obrigados a ir ao médico à Guarda, para saber o que significam as distâncias!
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E num repente veio-me à ideia o discurso que o Alçada Baptista , pôs na boca de duas tias solteironas, num dos seus livros: - "Irmã, na nossa idade, a gente vai precisar cada vez mais dos médicos. Já estive a perguntar, e parece que eles são mais baratos em Coimbra. O melhor é vendermos a casa, e irmos viver para lá!"
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