A Montaria
Era o padre Rafael Gonçalves Roque, natural de Sistelo, e pároco no Soajo, que organizava as montarias, para os “apaixonados” soajeiros e das freguesias vizinhas. Era também ele que comandava os tiros dos “réfes” de carregar pela boca, com que se davam as ordens aos batedores.
A primeira descarga era feita na fraga da Mó, para o avanço do povo vizinho, até ao Outeiro Maior onde terminava a batida.
Quando todos os batedores chegavam ao Alto da Pedrada, já cansados e cheios de apetite, iam buscar o farnel e descansavam, atentos aos tiros dentro das chãs da Seida, onde os atiradores tinham sido previamente colocados, entre os quais estava o saudoso padre Rafael. De vez em quando ouvia-se um “tau”, e o povo em silêncio, tentava vislumbrar qualquer movimento do lobo na direcção do fojo, ou se o topava a fugir noutra direcção evitando os tiros dos caçadores.
Terminada a batida, tudo regressava à branda da Cova onde se queimavam os últimos cartuxos, fazendo tiro ao alvo a um calhau posto em cima de uma rocha, no meio de grande animação centrada no almocreve, com as meias canadas (1,5l) e os quartilhos (0,5l) de bom vinho, levado em odres de pele de cabra.
O calhau do Alto da Cova
Deve estar cheio de dores
Está marcado de mil balas
Pelos bons atiradores
E depois todos voltavam a casa, ouvindo o chocalhos dos animais a pastar nas brandas – branda de Cova, e do Alto do Guidão, branda da Urzeira e a do Poulo do Aguilhão, tudo brandas soajeiras dos tempos que já lá vão.
Texto fundamentado, nas memórias manuscritas do Sr. António Carvalho (1931- … )
Era o padre Rafael Gonçalves Roque, natural de Sistelo, e pároco no Soajo, que organizava as montarias, para os “apaixonados” soajeiros e das freguesias vizinhas. Era também ele que comandava os tiros dos “réfes” de carregar pela boca, com que se davam as ordens aos batedores.
A primeira descarga era feita na fraga da Mó, para o avanço do povo vizinho, até ao Outeiro Maior onde terminava a batida.
Quando todos os batedores chegavam ao Alto da Pedrada, já cansados e cheios de apetite, iam buscar o farnel e descansavam, atentos aos tiros dentro das chãs da Seida, onde os atiradores tinham sido previamente colocados, entre os quais estava o saudoso padre Rafael. De vez em quando ouvia-se um “tau”, e o povo em silêncio, tentava vislumbrar qualquer movimento do lobo na direcção do fojo, ou se o topava a fugir noutra direcção evitando os tiros dos caçadores.
Terminada a batida, tudo regressava à branda da Cova onde se queimavam os últimos cartuxos, fazendo tiro ao alvo a um calhau posto em cima de uma rocha, no meio de grande animação centrada no almocreve, com as meias canadas (1,5l) e os quartilhos (0,5l) de bom vinho, levado em odres de pele de cabra.
O calhau do Alto da Cova
Deve estar cheio de dores
Está marcado de mil balas
Pelos bons atiradores
E depois todos voltavam a casa, ouvindo o chocalhos dos animais a pastar nas brandas – branda de Cova, e do Alto do Guidão, branda da Urzeira e a do Poulo do Aguilhão, tudo brandas soajeiras dos tempos que já lá vão.
Texto fundamentado, nas memórias manuscritas do Sr. António Carvalho (1931- … )
2 comentários:
Muito agradecido em compartilhar este lindo texto que tambem e interessante devido ao conteudo historico da regiao e do lendario padre.
Por um acaso seria possivel obter copia da fonte do texto "memórias manuscritas do Sr. António Carvalho"? Isto foi publicado em algum livro ou estaria isto disponivel em alguma biblioteca?
Eu tive na mão o manuscrito de sr António, que era mais longo e que eu "achei" não necessário c transcrever. Entreguei o original à filha que mo cedeu e, ao que depois soube, se extravio. Creio não ter omitido nada de importante.
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