- Então!? Não se reforma? Você precisa de aturar esses gajos?
- Desculpe lá, mas eu não entendo a coisa assim! Esses gajos, como você lhes chama, não são vitalícios, e eu não entendo a reforma como uma libertação.
- Olhe que se eu pudesse, era já hoje. Metia-me a passear por aí fora, com a patroa, e dedicava-me ao jardim e aos netos.
- Mas eu não penso assim. A mim só me incomoda o trabalho, quando ele ultrapassa as minhas capacidades, de resto, sempre achei graça àquilo que fiz! O que eu queria era reduzir a carga horária e ter mais dias de férias, sem me mexerem no ordenado. Coisa como trabalhar das 9:00h às 13:00h, cinco dias na semana e ter dois meses de férias. Mas depois dos 65, queria só trabalhar quatro dias na semana, ter três meses de férias, e uma actividade menos exigente. Esta coisa de passar a reforma para os 65 ou para os 67 anos, devia ser acompanhada por medidas deste tipo. Já chegaram as cargas horárias de outros tempos, em que trabalhei mais de 70 horas por semana! Agora são os meus filhos que estão nessa. E, se retirarem disponibilidade aos avós, quem dá coesão à família vai ser a empregada doméstica, se a tiverem.
- É verdade! Nos dias de hoje, a maior parte dos empregos, com as deslocações, consomem o dia todo. Com sorte, metem os miúdos na cama. E ainda se fala de políticas de protecção às famílias.
- Lembras-te, quando em Julho de 2007, o ministro José Vieira da Silva, se congratulou com o alargamento do horário de funcionamento dos infantários, e até deu como exemplo uma creche em Vila Nova de Cerveira: «… que estava aberta das sete da manhã até as dez noite e estava cheia». Esquecem-se daquela máxima, que eu acho muito feliz: "Educação é aquilo que eu aprendi com os meus pais, quando eles não me estavam a ensinar nada!" Depois queixam-se de acontecimentos como os de Novembro de 2007 em Paris.
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