sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Menstruação

“São lágrimas de sangue de um útero desapontado”



Aprendi-o depois de ter ouvido disparates, fortalecidos por rituais religiosos que subalternizam a mulher, ou envoltos em confabulações populares que confrontavam as jovens com inúmeros impedimentos (não cortar as unhas, não lavar a cabeça, não sair para o campo, porque os lagartos cheiram as mulheres menstruadas e trepam-lhe pelas pernas, ...).

No judaísmo, a mulher, nestes períodos, é impura (Levítico 12.2). Passados sete dias do seu início, deve fazer um banho de purificação especialmente preparado - o “mikvá”. Todas as comunidades judaicas possuem uma casa de banhos para tal fim - (Mikveh), que é tão importante que a lei judaica estabelece que deva ser a primeira construção a ser edificada e só depois, a sinagoga. A imersão é efectuada quando as estrelas são claramente visíveis e deve ser total, pelo que a mulher precisa estar acompanhada de outra, de mais de doze anos, para garantir que o banho foi completo.
O catolicismo manteve o conceito sem o ritualizar.

A descoberta dos estrogéneos (1929), da progesterona (1934) e a aprovação dos anticoncepcionais orais em 1960, terminaram milhares de anos de confusão e permitiram que meio mundo pudesse caminhar a par do outro meio.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Cálice

sábado, 25 de janeiro de 2014

África espiritual


O mundo espiritual dos “africanos” (se se pode usar a palavra de modo tão simplificado) é rico e complexo, e a sua vida interior é permeada por uma profunda religiosidade. Eles acreditam na coexistência de três diferentes mundos que se relacionam intimamente.
O primeiro é aquele que nos envolve, a realidade visível e palpável composta pelos seres vivos, os animais e as plantas, e pelos inanimados, as pedras, a água, o ar. O segundo é o mundo dos ancestrais, dos que já morreram, mas que não o fizeram completamente, pois no sentido metafísico, continuam a existir e até são capazes de participar na nossa vida, influenciando-a e modelando-a. É pois muito importante manter boas relações com eles, se se quer ter uma vida sem percalços, ou até manter a própria vida. O terceiro mundo é o enorme reino dos espíritos – espíritos que existem independentemente, ao mesmo tempo que estão presentes em cada ser vivo, em cada objecto, em tudo e em toda a parte.
Por cima de todos estes três mundos está o Ser Supremo, Deus.
Ryszard Kapuscinski in "The shadow of the sun"


A máscara é um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pela mão de Bruno Vieira Amaral


Não resisto a respingar deste texto de Bruno Vieira Amaral, este fragmento, onde se aborda o humor em literatura e, no caso o de Jorge Luís Borges:

Não haverá melhor exemplo do que o conto que abre História Universal da Infâmia. O parágrafo inaugural é de uma tal perfeição formal e humorística que quase obriga o leitor a não avançar na leitura, deleitando-se com o julgamento de uma elegância impiedosa sobre o pobre e benevolente de las Casas. Reza assim:

“Em 1517 o Padre Bartolomé de las Casas teve muita pena dos índios que se extenuavam nos laboriosos infernos das minas de ouro das Antilhas e propôs ao Imperador Carlos V a importação de negros, que se extenuaram nos laboriosos infernos das Antilhas. A essa curiosa variação de um filantropo devemos factos infinitos:”

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Carta ao Papa Francisco


Caro Francisco
Escrevo-te para te dar umas dicas para essa tarefa ciclópica que tens pela frente. A coisa está feia para o Ocidente e, por tabela, para ti que tens milhões de crentes à espera de um caminho nesta confusão em que a globalização transformou o mundo.
Para já tens a ONU à perna perguntar quais as medidas que o Vaticano tomou e vai tomar para resolver o problema da Pedofilia. Se não cuidas da qualidade do que se processa nas igrejas, qualquer dia, tens outros a fazer perguntas ainda mais difíceis.

Eu sei que a minha ajuda pouco vale mas, como a sugeriste há uns meses, não quero ficar de fora.

Primeiro e antes de tudo, tens de pedir o concurso de Deus, porque sem ele nada feito, mas olha que sem uma boa dúzia de bons amigos, que não te traiam à primeira dificuldade, racionalizando que tu tens mau feitio quando não cederes em coisas essenciais, não vais a lado nenhum. Falo por experiência.

Em segundo lugar, não esqueças que, embora a História deva ser lida “à época dos factos”, há factos que estão tão contra a doutrina cristã, que se torna difícil ignorá-los. Reforçar o desacordo com os fanatismos católicos das Cruzadas, da Inquisição, do fechar de olhos à escravatura e aos crimes da colonização de África e das Américas, é postura a que não deves fugir. Aconselho-te também a abrir, sem mais delongas, os dossiers do Vaticano sobre a Pedofilia e a entregar as provas aos tribunais e, de seguida, acabavas com o celibato dos clérigos e com o puritanismo sexual, alegando que a Igreja só tem de ajudar quem anda desconfortável no meio dos outros e se quer acertar.

Por fim, tens de dar, num conceito simples que toda a gente apreenda, uma linha de rumo para este barco em que o Ocidente se meteu e que te dá direito de antena.

Ouve um conselho: simplifica.
Nos tempos que se aproximam, se não se construírem comunidades fortes, vamos assistir ao progressivo desmembramento das famílias, à solidão dos velhos e à voracidade das multinacionais e de poderes pouco claros, a definirem todos os nossos "objectivos".
Tira Cristo da cruz e apresenta-o em convívio. Associa os teus padres às Juntas de Freguesia e altera o culto de modo a que se promova a responsabilidade do grupo, em contracorrente ao que se tem propalado - responsabilizar cada um pela salvação da SUA alma (a do vizinho que se lixe).

Sem pressas e com atitude, devias clarificar coisas pequenas, com significado. Olha, por exemplo, mandas uma missiva para que se acabe com o ar beatífico com que a maioria dos padres fala nas igrejas, e põe-nos a falar como gente normal, sem "ssss" sibilados, olhos em branco voltados para o céu, nem trejeitos a fingir que estão a meio caminho entre os mortais e Deus. Já todos "pagámos para esse peditório". A maioria já sabe ler e tem acesso à Internet. Não precisa que lhe falem como crianças.
Vivemos tempos difíceis. Pais para um lado e filhos para outro. Gente emigrada e funcionalidades sempre a alterar-se. Um Governo "a mando". Expectativas frustradas.
Vai-se à missa e ouve-se falar dos filisteus, dos cananeus e de coisas que se passaram na Palestina e na Turquia de há 2.000 anos, e palavras redondas para fazer esquecer os aflitos das suas aflições.
Cristo não andou a dizer a ninguém para passar mal. Ele lutou pela dignidade de todos. Sem armas, nem discriminações. Se ele viesse cá abaixo ia ficar desiludido com as homilias que ninguém percebe, e com a qualidade dos rituais que, os poucos que ainda se dizem católicos, se disponibilizam a ouvir.

Vai por mim, que eu, apesar de ateu, acho que Deus ajuda imenso a humanidade, pois considero que “o fazer as coisas certas por razões erradas” é fundamental para mantermos boas práticas e coesão social. Todas as religiões o fazem e nós em casa, também. “-Oh mãe! Porque é que eu tenho de comer sopa? É para ficares com os olhos bonitos!”. Os muçulmanos não comem carne de porco nem consomem bebidas alcoólicas, porque Alá não queria que eles tivessem cisticercose, nem que fossem alcoólicos. Alá quer higiene, e todo o islão lava as mãos e os pés mais vezes que muitos médicos em serviço.

Há que nos acertarmos com a evolução das sociedades, sob risco de ficarmos marginalizados. Em muitos locais até parece que o clero anda a dizer que “está tudo bem, porque nada mudou” a um povo que o sustenta como um senhor feudal.

Bem! A carta vai longa. Muito havia ainda para te dizer. Para já fica com estas dicas. Olha que, com o pouco que conheço de religiões, é com o Cristianismo que mais me identifico e espero com alguma expectativa as tuas mudanças.
Se tiveres tempo, escreve, ou telefona, que eu dou uns toques de espanhol!

Até à próxima.
Fernando

sábado, 18 de janeiro de 2014

Frases do dia


Thomas Mann (1875 – 1955):  "Um escritor é um homem para quem escrever é mais difícil do que para os outros".

Mardonius ( ... - 479 AC) - comandante persa, antes da batalha de Plateae que opôs Atenas ao Império Persa, premonizando o desastre: "Não há dor mais terrível que um homem possa suportar, que a de ver claramente e estar impossibilitado de qualquer acção".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Carta aberta a Paulo Macedo


Caro Paulo

Escrevo-te para mostrar a minha desilusão por não te teres demarcado do aumento da contribuição dos funcionários públicos para a ADSE. Contava que mantivesses a postura com que abordaste as farmácias e a indústria farmacêutica, actuando sobre a roubalheira do dinheiro do Estado.
Agora, em vez disso, decidiste acabar encapotadamente com a ADSE, criando aos beneficiários as condições para o abandono.
Como também não investiste no SNS para que ele pudesse arcar com o acréscimo desta população, e mantiveste médicos e enfermeiros com um pé na Função Pública e o outro nos "privados" ou por interesse particular ou por medo de uma rasteira (agora o governos passa-as a toda a hora), estou em crer que os queres atirar para as Seguradoras.

Podias ter actuado sobre coisas como os óculos de sol "comparticipados", as cirurgias desnecessárias, os exames auxiliares de diagnóstico que nada adiantam, os rastreios fora de normas, as consultas para “descansar o médico” e às prescrição de terapêuticas “duvidosas” a levantar suspeitas de conluio com laboratórios. Poupavas milhões, mas ... dava trabalho, e tu não está rodeado de quem quisesse e soubesse andar atrás de quem induz quem tem Seguros ou Subsistemas de Saúde (ADSE, ADME, ADMFA, ADMA, PT ACS, SAMS, SSAP, SA VIDA – EDP) a consumir saúde, por só pagarem parte dos custos. Poupavas nos gastos directos e nos indirectos dependentes da iatrogenia. Eram muitos milhões se diminuísses o “já agora!”
E não me venhas com a história de que a maioria dos profissionais é honesta, que não são esses que aqui importam. Tu sabes tão bem como eu que "a ocasião faz o ladrão", que "o olho do dono engorda o cavalo" e que "o homem faz todo o mal que pode e todo o bem a que é obrigado". Tinhas obrigação de rebobinar o filme e procurar essa meia dúzia que enriqueceu e enriquece, dizendo-se fornecedor de serviços ao Estado, e verificar se os seus registos correspondem a necessidades e até se foram efectuados do modo como se cobraram. Uma amostragem a uma "meia dúzia" dava-te uma resposta concludente.
O problema é que o governo a que pertences, criou os mitos do "Estado mau gestor", e de que quem se "rege pelas leis do mercado", sucumbe se não for "eficiente", quando muita dessa "eficiência" está nos “negócios” com o Estado que geram amplos benefícios com mínimos riscos, como as PPP.

Paulo. Cai na real. Se a contribuição para a ADSE aumentar para 3,5%, como previsto, quem ganha 3.000 Euros brutos, vai pagar 1.470 Euros/ano - nesse aumento de mais de 250%. Muitos vão abandonar a ADSE e lá se vai o “encaixe” dos 360 milhões, e vão cair em cima dos Hospitais e Centros de Saúde já saturados.

Isto está cada vez mais para quem é fino e bebe azeite. O que está a dar é Depuralina, Mangustão, Cogumelo do Tempo e tretas.
Assumiste uma responsabilidade para com a saúde do país e definiste como prioritário o SNS.
"A ver vamos" como diz o cego.

Até à próxima
Fernando

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Carta Aberta a Luís Filipe Vieira


Caro Luís Filipe:
Nunca me passou pela cabeça escrever-te uma carta, mas por causa dos factos surpreendentes associados à morte do Eusébio, decidi convidar-te a encabeçar um projecto que,  há anos, acalento para os grandes do futebol.
Faço-o, porque vejo em ti empreendedorismo, "arreganho, pundonor e pertinácia" a jogar fora das quatro linhas, "de traz para a frente e nas costas do adversário", pois as dificuldades que antevejo são muitas e só quem se camufla nos perigos e volta quando os ares serenam, será capaz de levar a bom porto este navio.

Para que não haja dúvidas, informo-te que não tenho “interesses” nesta área e que em matéria de futebol sou habitualmente de quem ganha. Já fui do FCP, do Sporting, do Barcelona (quando lá estava o Figo) e nos últimos anos sou do Real de Madrid por causa do Ronaldo.

A quebra na construção civil e no negócio dos pneus, não vai passar nos próximos anos. Se fores capaz de entender a profundidade da minha proposta, vais ficar na história do Futebol e com a vida arrumada.

Há 10 anos que vives na sombra do FCP. Agora é a hora de dares o salto. Esquece o Panteon que é para gente chique, e o Eusébio, que mal conseguia alinhar cinco  palavras seguidas, é ídolo das multidões das feiras e romarias.
O que eu te tenho a propor é que sejas o primeiro a fazer um Cemitério de Clube. No caso, ... para os benfiquistas.
Arranjas um terreno perto do Estádio e uns ossos ilustres dos que já se “passaram”. Dá-lhes uma tumba com a dignidade de santo, pões a águia no portão de entrada e ao fundo de uma alameda ... o Eusébio numa estátua que se possa abraçar, como a do Santiago em Compostela, e no dia seguinte já tens inscrições.
Se contratares o Tomás Taveira para ele montar uma coisa “nunca vista”, com Tanatório, jazigos e campas da Gama Alta à Económica, uma ala para gavetões, para as trasladações dos emigrantes para quem o Benfica foi a alegria possível, tens o negócio garantido. E com marmoristas e floristas, em menos de um ano, aumentas as instalações e vendes a patente (não te esqueças de mim!).
Só tens de arriscar. Se não fores tu, vai outro agarrar a ideia. Para já, perdes o Eusébio, mas daqui por uns anos ficas sem o Damásio, o Vilarinho, o Vale de Azevedo, sem falar nos campeões europeus e nos sócios com números baixos, que irão morrer longe e deixar a massa à família em vez de contribuírem para a grandeza do Clube.

Pensa bem! Mas não demores! Comenta aqui se precisares de pormenores.
Recebe um abraço do Macedo e do Tony.
Até à próxima
Fernando

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Carta aberta a Pinto da Costa


Caro Pinto da Costa:
Espero que te encontres bem de saúde, que eu cá, para além da próstata, vou bem.
Embora não pertença ao teu círculo, onde os favores se trocam por peças de fruta ou outros bens mais ou menos perecíveis, e pouco ou nada te possa dar, atendendo a que tu também és interessado, atrevo-me a pedir-te que, por favor, … não morras!

Sabes?! Eu assisti aos directos da morte dos Kennedy e da queda das torres gémeas com emoção mas, desde o da trasladação dos ossos da irmã Lúcia, com o repórter a seguir o carro funerário de Coimbra até Fátima, a descrever as curvas da auto-estrada como quem assiste à alunagem do primeiro homem, fiquei “excrementado”.
Ainda há pouco me assarapantei com a morte do Mandela, com todos os sacripantas políticos que o ostracizaram anos a fio a tecer-lhe os mais rasgados encómios, só por sentirem que era difícil conter a populaça sem a sua ajuda. Foi uma semana de lágrimas impensáveis, que me puseram à beira de um ataque de nervos, de gente a falar do “Madiba” como se fosse visita lá de casa.
Agora é o Eusébio “ad nauseum”. Os golos de há cinquenta anos a preto e branco, as fotografias, a toalhinha da sorte e as pivots condoídas: “-Eusébio da Silva Ferreira, faleceu esta madrugada de … paragem cárdio-respiratória”, como se não morrêssemos todos assim, mais os repórteres “no exterior” : - Este senhor aqui, se faz favor!, e o transeunte a condoer-se para o momento: “Uma grande perda para o país e para o mundo. Um futebolista com F grande!", e as bandeiras a meia haste e os 3 dias de luto e, quiçá, um lugar no Panteon.

Era mais disto que eu queria evitar. É que, se morres breve, eu não aguento outro filme de dias seguidos a ver e ouvir-te em todo o lado, mais os teus inimigos em redor do teu caixão a fungar e a dar palmadinhas nas costas de quem encontrarem por perto.
Atrevo-me a sugerir que, no testamento, orientes as tuas cerimónias fúnebres, promovendo algum decoro, já que a morte se te anuncia como uma inevitabilidade da vida.
Tu és do futebol, mas não és burro. Faz pela vida. Aguenta-te. Toma os remédios a horas. Evita esforços pesados. Tira o sal da comida e não comas carnes gordas. Deita-te cedo e não esqueças a sesta. Quanto ao vinho, um copito de maduro tinto por refeição e nada de bebidas brancas.
Dá um descanso à Fernandinha, e recebe um abraço deste teu admirador distante.

Fernando

domingo, 5 de janeiro de 2014

A língua


… Eu compreendi que qualquer universo geográfico distinto, tem os seus mistérios e que nós só seremos capazes de os decifrar se entendermos a linguagem local. Sem ela, este universo permanecerá impenetrável e desconhecido, mesmo que passemos anos dentro dele. Também anotei a relação entre o nomear e o existir, porque verifiquei, depois do meu regresso ao hotel, que na cidade eu só tinha visto aquilo que eu conseguia nomear: por exemplo, eu lembrava uma acácia, mas não a árvore que lhe estava ao pé, cujo nome desconhecia. Então entendi que, sumariamente, quanto mais palavras eu soubesse, mais rico e variado seria o mundo que se abria perante mim e aquilo que eu era capaz de observar nele.

Ryszard Kapuscinski

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Hannah Arendt



Hannah Arendt (1906-1975) assistiu ao julgamento de Adolf Eichmann, responsável pela logística de extermínio de milhões de pessoas no final da Segunda Guerra Mundial e escreveu cinco artigos (polémicos) sobre ele no "The New Yorker", onde o considera, não um chefe fanático, mas um pateta incapaz de dizer “isto não!”, inserido numa máquina ideológica assassina.
Reflectindo sobre o acriticismo dos burocratas "eficazes" face à mensagem do poder, defende que os maiores crimes contra a humanidade foram cometidos não por monstros sanguinários, mas por pessoas "normais".

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014