Agora que os Noticiários estão cheios de Nitrato de Amónio e, depois de aqui ter escrito sobre o Nitrato do Chile e dos benefícios e problemas dos Nitratos, deu-me hoje para versar o Azoto (Nitrogénio), cujo símbolo químico é N.
O azoto é o principal componente do ar atmosférico (78%), seguido do Oxigénio (21%) ficando 1% para os restantes gases (CO2, Hélio, Argon, …) e, apesar disso as plantas não o conseguem utilizar para o seu crescimento, pois necessitam que ele esteja na terra para as suas raízes o absorverem. É por isso que os adubos com azoto são muito importantes. As leguminosas são capazes de desenvolver simbiose com certas bactérias do solo que absorvem o azoto directamente do ar e, por isso, os terrenos em pousio devem ser semeados com estas culturas fixadoras de azoto (ervilha, ervilhaca, serradela, trevos, fava, tremoço, tremocilha, soja, grão de bico, feijão, luzerna, amendoim).
Para além dos fertilizantes e do fabrico de explosivos, o Nitrogénio, por ser um gás inerte, isto é, que não se liga facilmente a outros compostos, é amplamente usado como conservante de alimentos, se se injectar para deslocar o Oxigénio e a humidade do ar dos seus reservatórios, impede a oxidação e aumenta-lhes o prazo de validade.
Nas bebidas usa-se mais o Dióxido de Carbono (CO2) como gás inerte, que também as gaseifica. Algumas águas gaseificadas são naturais, com o CO2 incluído por processos geológicos naturais, mas os refrigerantes usam CO2 artificialmente dissolvido sob pressão.
Nos vinhos frisantes e espumantes, o CO2 das “bolinhas” é produzido aquando da sua fermentação na garrafa.
Na maioria das cervejas o CO2 é também injectado sob pressão, embora algumas ditas “tradicionais” o façam recorrendo a uma dupla fermentação na garrafa. Só a Guiness usa Azoto (75%) e CO2 (25%), o que torna a "gravata" e o efeito de “picância na língua” diferente.
A gravata na Guiness serve-me como exemplo para explicar o “Mal dos caixões”, doença assim chamada por afectar os trabalhadores que labutavam dentro dos contentores colocados a grandes profundidades nas construções subaquáticas, como os alicerces de pilares de pontes. Nesses locais, as pressões muito elevadas dissolvem o azoto do ar no sangue e nos tecidos, e o que sucede no copo da cerveja Guiness, quando se diminui a pressão, acontece também no nosso corpo, formando bolhas de azoto nos vasos sanguíneos e nos próprios tecidos, lesionando os órgãos, tudo dependendo do tempo e profundidade a que se esteve.
Hoje é o nitrato de amónio que está nas notícias, amanhã, se a “modernidade” nos levar para o fundo dos mares, vai ser o azoto a encher os ecrãs das televisões.