- Oh Dr.! Ela tem um feitio terrível. Sempre fez o que queria. Mesmo agora com oitenta e cinco anos ninguém tem mão nela! Vive numa quintinha lá para os lados de Valença, com a ajuda de uma surda-muda, que “só lá vai quando lhe apetece” e que só a atura, porque não a ouve!
Muita sorte teve ela no acidente, em só partir umas costelas e não ter morto ninguém. Diz que levava capacete, que ia devagar, e que a rapariga do carro contra quem chocou não sofreu nada.
- E há quanto tempo é que ela andava de Moto 4?
- Tinha-a comprado há dois dias, depois de ter vendido um desses carros que não necessitam de carta, a que chamam “os mata-velhos”. Parece que estava tudo legal.
O filho, que vive na América, esteve cá ontem e completou a história. Ela, ainda jovem foi servir para Lisboa e por lá casou aos 25 anos. Mas o casamento não correu bem. Aos 40 anos divorciou-se e, anos depois, emigrou com o filho para Clermont-Ferrant. Foi aí que ela aprendeu a andar de moto. Só lá estiveram 4 anos, porque voltaram a emigrar para os Estados Unidos, onde continuaram a morar juntos, sempre com uma relação difícil por causa da sua autonomia. Aos sessenta e cinco anos, decidiu voltar sozinha, para viver numa quintinha de uma cunhada, que está internada num Lar, lá nos States.
Muita sorte teve ela no acidente, em só partir umas costelas e não ter morto ninguém. Diz que levava capacete, que ia devagar, e que a rapariga do carro contra quem chocou não sofreu nada.
- E há quanto tempo é que ela andava de Moto 4?
- Tinha-a comprado há dois dias, depois de ter vendido um desses carros que não necessitam de carta, a que chamam “os mata-velhos”. Parece que estava tudo legal.
O filho, que vive na América, esteve cá ontem e completou a história. Ela, ainda jovem foi servir para Lisboa e por lá casou aos 25 anos. Mas o casamento não correu bem. Aos 40 anos divorciou-se e, anos depois, emigrou com o filho para Clermont-Ferrant. Foi aí que ela aprendeu a andar de moto. Só lá estiveram 4 anos, porque voltaram a emigrar para os Estados Unidos, onde continuaram a morar juntos, sempre com uma relação difícil por causa da sua autonomia. Aos sessenta e cinco anos, decidiu voltar sozinha, para viver numa quintinha de uma cunhada, que está internada num Lar, lá nos States.
Agora está tudo a monte, mas houve tempo em que ela a teve cuidada, embora nunca fizesse grandes obras. Foi até num desses arranjos, que caiu do telhado e fracturou a perna direita. Parece que estava a pôr umas pedras em cima de umas telhas que tinham voado com o vento.
- E agora? Vai voltar para casa, ou o filho leva-a para a América?
- Não sei! Para já vai para uma Unidade de Convalescença, e entretanto vê-se qual o grau de autonomia que consegue e a disponibilidade do filho. Agora que gastou todo o dinheiro na moto, parece mais convencida das suas limitações, e que aquele tempo em “não havia nada que eu não fizesse” já passou.
- E agora? Vai voltar para casa, ou o filho leva-a para a América?
- Não sei! Para já vai para uma Unidade de Convalescença, e entretanto vê-se qual o grau de autonomia que consegue e a disponibilidade do filho. Agora que gastou todo o dinheiro na moto, parece mais convencida das suas limitações, e que aquele tempo em “não havia nada que eu não fizesse” já passou.
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