Eu, pecador me confesso.
Não sou muito fã de papas. Considero-as um bom alimento para quem não tem dentes, mas aquela textura com tudo misturado onde nem os olhos nem a boca conseguem identificar os componentes, deixa-me perturbado. Gosto de sentir o que como, sem que os aromas me confundam, e desagrada-me o delicodoce dos seus múltiplos paladares.
Mas gosto de Muesli. Aí até escolho as passas e delicio-me a rilhar os grãos mais duros do centeio. Gosto dele com leite frio, para não amolecerem em excesso e, se a fome é muita, até faço refeição, e boto-lhes dentro pedaços de fruta e iogurte.
Mas papas não! Sejam quais forem. De Maizena, Cérélac, ou as tradicionais de aveia ou de carolo.
Digo-o sem papas na língua porque, embora os alimentos produzidos especificamente para bebés "respeitem o cumprimento de requisitos próprios, nomeadamente quanto à sua composição nutricional, resíduos de pesticidas e rotulagem específica, previstos na legislação", enquanto me mantiver consciente das características do mundo que me rodeia, vou-me manter favorável ao chouriço de sangue, à alheira de caça, à paella e ao cozido à portuguesa.
No fim da vida, se os dentes me faltarem ou o sistema nervoso me trair, talvez faça essa opção, que então, estarei por tudo.
Vegetação invade capela do século XVI
Há 5 horas
2 comentários:
Se lhes botas pedaços fazes bem!
Papa sem botas não é papa!
Num texto com esta qualidade querias que eu escrevesse:
"sapato-lhes dentro pedaços de fruta e iogurte, da marca Prada"?
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