Nessa altura ela já não andava bem. Ainda trabalhava, mas já sem a eficiência de outros tempos. A ida dos filhos para a universidade e a ruptura definitiva com o ex, a quem ainda dera guarida nas suas vindas a Viana, puseram-na sozinha a maior parte dos dias. Tomava antidepressivos e analgésicos às mãos cheias e, quando chegava a casa, ficava naquele torpor até ao dia seguinte.
Numa dessas noites acordou, pelas seis da manhã, em frente à televisão e, ao subir as escadas para o quarto, notou que alguém ia à sua frente. Ainda pensou que era um filho, mas quando o chamou e o viu a acelerar por ali acima, desatou a correr escadas abaixo, saiu de casa e trancou a porta por fora, sem reparar que estava de pijama.
Naqueles preparos e sem coragem para entrar de novo, foi bater à padaria, que ficava a uns duzentos metros, por ser o único estabelecimento comercial com gente àquela hora.
Depois chegou a Polícia que lhe revolveu a casa sem encontrar ninguém e sem ela dar por falta do que quer que fosse.
Estás a ver! Ela arranjada já não tinha grande figura, quanto mais desgrenhada e de pijama.
No meio da confusão, quando os guardas começavam a duvidar da veracidade dos factos e ela se esforçava por negar uma alucinação visual, deu por falta da carteira na bolsa que tinha em uso.
Foi o que a salvou! Anulou os cartões e foi à Esquadra formalizar a queixa contra “desconhecidos”.
Ora é quando ela lá estava, já pronta para se vir embora, que entra um agente da Judiciária com uma caixa de uma jóia na mão. A caixa era vistosa, mas não tinha valor, e ela identificou-a. Tinha sido um tal “Bertinho” que a levava, quando foi apanhado a assaltar uma outra casa nas imediações.
Aquilo, para ela, foi um alívio enorme. … A sério! … Não fosse aparecer o “Bertinho” e ia passar por drogada, ... no mínimo! ...
Ela era quadro superior do funcionalismo público. Era uma situação complicada!
Vegetação invade capela do século XVI
Há 6 horas
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