Caro Sócrates:
Esta é a quarta carta que te escrevo. A primeira vai para 5 anos, a segunda há 4 e a terceira, em Maio de 2011, quando já estavas a escorregar para a mó de baixo.
Como deves saber eu agora estou noutra. Já paguei para o peditório dos jogos de poder. Depois fartei-me dos duques de paus, e decidi-me por outra gente. É o bem de quem não liga à potência dos automóveis, às luzes de acender e apagar, e de quem desconfia do bacalhau a pataco. Até me arrepio só de me lembrar de que houve tempos em que via a malta que se senta à mesa do dinheiro com um mínimo de preocupação social.
Adeus inocência. Agora olho de esguelha para as Instituições, para o partido em que sempre votei, para a qualidade dos profissionais da nação e para a sua população que cheguei a acreditar honesta, competente e temente das consequências dos seus erros, mas depois de ver aquele magote de badamecos a alcandorar-se a lugares de responsabilidade, a mando, a interferir com o bem-estar do grosso da população, "escrementei-me!".
Não me peças para me pôr do teu lado, mesmo que não tenhas gamado a massa de que te acusam, que eu agora faço como o da musiquinha e “só vou gostar de quem gosta de mim”.
Agravaste o pragmatismo provinciano em que vivemos, enquanto brincavas de arauto dos princípios do teu caderno de encargos. Quiseste pôr uns “na ordem” enquanto fazias vista grossa à malta da construção civil e agora, nem os que andaram com as “malas de dinheiro” e os amigos que enriqueceram, te perdoam. Tens essa sarna para te coçar e ainda ninguém questionou as contas dos partidos.
Eu sei que é com dinheiro que se compram os melões e as outras coisas. Mas há uns que gostam demais dele e, quem joga em várias mesas, como tu fizeste, havia de ter muito cuidado, pois na mesa do poder as regras são diferentes das do jogo do dinheiro, mesmo que o dinheiro sujo possa ajudar a resolver muito problema social. Depois ... há os batoteiros sempre atentos a quem se ausenta.
Tu, que andaste metido nas novas tecnologias, a dar meios ao fisco para o transformar na maior empresa portuguesa financiadora de tudo o que é maluco, devias saber que é fácil fazer o "tracking" da massa, e que era arriscado usá-lo para deixar obra para a posteridade.
Essa malta que se punha em segundo plano nos écrans da TV quando aparecias a legitimar-lhes os gastos, devia fazer uma excursão a Évora. Iam de manhã, davam uma volta pela cidade, passavam pela Capela dos Ossos, liam a inscrição da entrada, almoçavam no Fialho, e depois de te ver, iam pôr uma velinha para não te fazer companhia prolongada.
Eu digo isto daqui deste meu púlpito, porque me afirmo a favor da criminalização dos políticos. Uma gestão tão má que até uma dona de casa se arrepia, não pode ficar impune. Por isso te acho muito desacompanhado. Não que vos queira presos, que isso só dá despesa. Queria ver-vos a pagar até só vos restar o salário mínimo, para que quem se mete nessas guerras saiba que há consequências e não acabasse tudo nuns "privados" que ninguém controla, a gerir os Hospitais, a água, a electricidade, os transportes e qualquer dia as Câmaras, as Juntas de Freguesia e quem sabe … os Tribunais.
É por isso que não me dói esse teu calvário. Deixaste fazer merda que chegasse nos três últimos anos da tua governação e para isso, ou tinhas uma justificação que encalacrava alguém dessa Europa que nos faltou, ou então, andaste a dar passos maiores que as pernas e isso tem um nome - "irresponsabilidade".
Passa bem!
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