Eu já estive nas imediações de um incêndio florestal, envolvendo eucaliptos e pinheiros, e tenho a certeza que, aquela temperatura de combustão, não se compadece com pequenas barreiras à sua progressão. Dito isto, saúdo quem faz a limpeza regular na Faixa de Gestão de Combustível (FGC), junto aos aglomerados populacionais - é uma faixa de 100 metros, onde os eucaliptos e pinheiros devem ter as copas a 10 metros e as outras árvores, para além de terem de estar desramadas até 4 metros, têm de ter as copas afastadas 4 metros.
E isto significa que os terrenos que ficam na Faixa não têm rentabilidade para madeira, salvo se lá puserem árvores de crescimento lento e que só terão valor passados mais de 100 anos. Há pois que achar soluções para os milhares de proprietários que se veem despojados desta fonte de rendimento, agravado pela necessidade de, todos os anos, terem de os manter limpos de acordo com a lei.
Os urbanistas têm aqui um papel primordial, já que o tipo de construção ao longo das estradas proporciona uma área de FGC muito maior que a de uma aldeia compacta, pelo que continuar a licenciar nova construção nos moldes anteriores irá agravar o problema.
O “mundo mudou”, como disse José Sócrates, em finais de 2010, quando foi “aconselhado” a reduzir o consumo e a suspender os grandes investimentos. Ora, para quem tem terrenos nas Faixas, há muito que ele mudou, uma vez que a lei é de 2006 e tem sido implementada gradual e progressivamente, pese embora ainda não terem caído em força as coimas sobre os incumpridores, talvez porque o trabalho dos urbanistas, silvicultores e políticos demore a propor solução para estes terrenos, que deixam de ser produtivos como floresta.
O aquecimento global é uma realidade que já ninguém contesta. O risco de incêndio cresce todos os anos e eu, que confino com floresta, vou aguardando … e, às vezes, … desesperando!
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