Vai para lá de trinta anos, quando os meus filhos eram pequenos e tínhamos de fazer longas viagens, um dos jogos que servia para os entreter, era identificar uma marca de automóvel com os que nos cruzávamos. - Vamos ver quem vê mais Volkswagens!, e tínhamos distração para uma boa meia hora, longe das quezílias que um pequeno espaço sempre desperta.
Mais tarde, com eles mais crescidos, alterámos e jogo e passámos a identificar árvores. – Vamos ver quem vê mais araucárias, daqui até casa!. Podiam ser tílias, plátanos, palmeiras, choupos ou outra qualquer, dependendo do percurso. Comprei um livrinho que permitia identificá-las pelo aspecto geral, pelas folhas e pelo tronco e pu-lo no carro para as dúvidas e, muitas vezes, nas minhas andanças a pé por Viana do Castelo, levava-o para reconhecer o que por lá havia no espaço público e dentro dos jardins.
A princípio eles chamavam a tudo plátano ou cedro, mas aos poucos começaram a nomear cupressus, tuias, bétulas, lódãos, os diferentes tipos de carvalho, salgueiros, amoreiras… e por aí afora, e ao fim de alguns meses já me perguntavam se eu sabia onde é que havia esta ou aquela descoberta que haviam feito. Desde então conhecem os seus diferentes ciclos de vida e respeitam-nos e se sabem que há uma centenária nas imediações correm a vê-la.
No outro dia, alguém que conhece este meu gosto por árvores, perguntou-me se conhecia, em Carreço, alguma que merecesse referência pelo seu porte ou longevidade. Alguma que pudesse ter honras de ser “classificada” como já o foram a magnólia do mosteiro de Cabanas ou o cupressus da igreja de Afife.
Dei várias voltas pela aldeia a espreitar o que por cá havia. Vi uns pinheiros mansos com algum porte a indiciar umas décadas bem puxadas, mas fiquei-me por aí. Tudo o resto me pareceram árvores com menos de 50 anos. Depois fui espreitar aos jardins da aldeia do lado, onde há muitos residentes e segundas casas de estrangeiros e, no que é possível identificar da rua sugere outra sensibilidade ou outro desafogo que não obriga a olhar só o imediato.
Vegetação invade capela do século XVI
Há 6 horas
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