Em 5 de Janeiro de 1985, Juan Flores, um estofador de Ayamonte, que também se dedicava ao contrabando, deslocou-se no seu barco ao sapal de Castro Marim, perto da foz do Guadiana, para comprar marisco para vender em Espanha. A transação foi interrompida por uma patrulha da Guarda Fiscal e, por razões mal explicadas, um dos guardas, o cabo José Nunes, disparou à queima-roupa contra Juan Flores, que teve morte imediata.
O caso causou grande indignação na população de Ayamonte.
O corpo foi levado para a morgue de Vila Real de Santo António e aqui começa a trama de “Maria La portuguesa”. Durante os quatro dias em que o cadáver ali permaneceu, foi velado por uma misteriosa mulher que o acompanhou, em lugar de destaque, no funeral a que assistiram milhares de pessoas.
“Diz-se” que o que aconteceu “na verdade”, foi um assassinato passional. Nunes, cego por um amor não correspondido por Maria, uma bela jovem que vivia uma paixão idílica com Juan, decide terminar com a vida do seu rival.
Carlos Cano (1946.2000), um cantautor espanhol, compôs e enviou a Amália que a cantou em 1986, quando a voz já lhe fugia. Esta versão da Silvia Perez Cruz é a minha preferida.
1 comentário:
Nas noites de luar e de cravos
De Ayamonte até Villarreal
Sem rumo pelo rio, como um suspiro
Uma música vai e vem
É Maria que a canta
Por amar um andaluz.
Maria é a alegria
E é a agonia
Que tem o sul.
Conheceu aquele homem
Numa noite de vinho verde e calor
E entre palmas e fandango
Foi enredando-a e transtornou o coração.
E nas praias da ilha
Os dois se perderam
onde as ondas se quebram
Beijou sua boca e se entregou
Oh, Maria! a portuguesa
De Ayamonte até Faro
Ouve-se este fado nas tabernas
Onde bebe vinho amargo.
Porque canta com tristeza?
Com os olhos cerrados?
Por um amor desgraçado
Por isso canta,
Por isso pena.
Fado! Porque me falta sua boca
Fado! Porque me faltam seus olhos
Fado! Porque se foi pelo rio
Fado! Porque se foi com a sombra.
Dizem que foi "o eu te quero!"
De um marinheiro, a razão do seu padecer
Que numa noite nos barcos do contrabando,
ao Langostino ele foi
E na sombra do rio, um disparo soou
E daquele sofrimento
Nasceu o lamento desta canção.
Oh, Maria, a portuguesa
De Ayamonte até Faro
Se ouve este fado nas tabernas
Onde bebe vinho amargo.
Porque canta com tristeza?
Com os olhos cerrados?
Por um amor desgraçado
Por isso canta,
Por isso pena.
Fado! Porque me falta sua boca
Fado! Porque me faltam seus olhos
Fado! Porque se foi pelo rio
Fado! Porque se foi com a sombra
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