segunda-feira, 30 de maio de 2016

Um sucesso!

Teve Staff e Crew e não necessitou de Stewards!

domingo, 29 de maio de 2016

sábado, 28 de maio de 2016

Economia da Saúde e o SNS




Em Portugal, a organização dos serviços de saúde com alguma dimensão, remonta à década de 1960, com a criação da ADSE, mas o grande marco, surge em 1979, com a criação do Serviço Nacional de Saúde, universal e gratuito.

Em 1993, o Estatuto do SNS, substituiu o termo “gratuito” por “tendencialmente gratuito” e de então para cá (embora os gastos “per capita” sejam inferiores à média dos países desenvolvidos da EU, em proporção ao PIB, eles são superiores), o progressivo aumento da despesa em saúde (~ 65% da despesa pública), põe em causa a sua sustentabilidade.

A entrada dos Privados, principalmente na área dos MCDT, apesar de alegarem fornecer o mesmo serviço a menor custo, tendem a induzir o consumo em saúde e a onerar gastos, para além de criarem a falsa ilusão de que são eles o cerne do diagnóstico e não a qualidade do raciocínio do médico que os requisita.

A Medicina Interna vive desta perspicácia, que permite encontrar a meia dúzia de tópicos que orientam o tratamento de cada doente, frequentemente envolvidos num imenso ruído de ansiedades, falsas concepções e MCDT desnecessários.

Eu acredito que é possível aceitar o desafio de "Fazer mais com menos!" se não se puser toda a tónica nos "Indicadores de Desempenho" e se reduzir o consumismo, a medicalização excessiva e a iatrogenia.

Atribuir o devido valor à qualidade do raciocínio médico no Serviço Nacional de Saúde é o passo primeiro para a sua sustentabilidade.

Para se aceitar o desafio de "Fazer mais com menos!", não se pode pôr toda a tónica nos "Indicadores de Desempenho" pois eles não permitem uma clara redução do consumismo, da medicalização excessiva e da iatrogenia.

Os médicos no SNS devem lutar por uma organização dos serviços onde a qualidade do seu raciocínio clínico seja validada pelos pares e por gestores que os entendam.



domingo, 22 de maio de 2016

Carta aberta à zangada!


Olá!
Desculpa ter-te posto braba! Até parecia que tinhas xupado limões! C'um caraças! Também não era para tanto, que o assunto nem de perto te tocaba! Até me pareceu que estibesteis a combinar ficar trombudas para me arreliar, que bós sabeis que, quando tropeço em coisas de bradar aos céus, não me contenho, mesmo que a coisa pareça tão simples como um "há" sem "h" ou um "à" com ele, pois sou daqueles que pensa que o Primeiro Ciclo serve para alguma coisa.
Desculpa lá, mulher!, que eu até gosto de ir à feira ouvir pregões assassinos e ler nos comentadores das notícias ou do Facebook coisas como "populção nuclear", "mendigão", passe-á-lo" ou "ezitem", mas sinto vergonha quando alguém do meu local de trabalho usa linguagem do mundo esotérico nacional.
Para isso vou a Montalegre nas sextas 13, ou directamente a Vilar de Perdizes, cumprimentar o padre Fontes. Ao menos fomento o turismo da região.
Mas adiante, que neste contexto, os meus comentários valem o que valem, que a minha dama não é a língua portuguesa. Só lamento ter de dançar com quem lhe pisa os calos e eu a achar de fracos pés. 
Mas entende que eu a tenho em consideração e que, quando vejo alguém a agredi-la, à má-fila, me sobe a azia aos bofes e nem com ventilões me passa a falta de ar. Nesse aspecto sou como tu, quando tens que deitar tudocáp'rafora. Tenho que ir a ele! E se é p'ra desgraça!? É p'rá desgraça!
T'ás a ver? Mesmo sendo eu Balança e tu Caranguejo, neste particular, semos Gémeos. Ou não semos?

Fica bem! Um abraço!

domingo, 15 de maio de 2016

Dr.

- Sr. Dr.! Desculpe, mas devia ter chamado a atenção em privado, sem a presença dos internos!
- Mas ele é Dr. ?
- Claro que é!
- Eu pensei que era Nutricionista! Mas agora toda a gente usa o Dr.! Ele é só ... mais um! Só que este escreve no Diário Clínico. Será que também é clínico?
- Isso não!
- Ahhh! Nem sei porque é os técnicos do Laboratório, da Farmácia, da Fisioterapia, da Ortóptica, da Radiologia e de Cardiologia, não agarraram também o Dr.! Ao fim e ao resto ...!
Este, com uma "pen", mete duas páginas no Diário Clínico, com um texto pré-definido, cheio de erros, que preenche com cruzes ou valores. Para Dr. exijo mais!!!
Reconheço que a minha indignação (que é a directa medida do meu espanto), não seja o melhor método de corrigir as ineficiências, mas assistir a erros deste teor a quem se arroga a um Dr. antes do nome, faz-me subir a tensão arterial e aumenta-me a acidez gástrica.
Eu até podia desculpar o "sobnutrido" e a "Deplecção muscular torácica evidente", como dependente de "uma pressa", mas logo a seguir o "Peso estimado (subjectivo)" como se pudesse haver um peso estimado objectivo, uma classificação da Massa muscular em: eutrofia ( ), atrofia ( ) e fusão ( ) e a sigla "dcl" repetidas vezes usada, para significar decilitro, pôs-me os cabelos em pé e com vontade de chorar. É que se trata de um texto pré-definido!!!!!!
Desculpe-me, mas estamos na Europa e em 2016. Eu esperava encontrar pérolas destas só em "países em vias de desenvolvimento" e não em profissionais que usam Dr. e que se abalançam em actividade privada.





sexta-feira, 13 de maio de 2016

Cação


As histórias começam tímidas. Depois, ganham asas, experimentam a confiança e alargam o espaço ao bairro e à cidade.
Umas exigem ao narrador grande certeza nas palavras. Outras valem pelo insólito de uma frase que, não raro, persegue o visado até ao fim dos dias.

Esta chegou-me ontem, envolta em vozes baixas, que o personagem é filho de gente influente. Os pares olham-no como um “alien” que desperta dissonâncias pelo excesso de voluntarismo com que procura o que deve e o que não deve, a horas certas e às inconvenientes, como a compensar um tempo perdido, ... sabe-se lá onde.

No Serviço de Urgência, terá recebido um doente a quem a mulher atribuía o estranho comportamento de só querer comer sopa de cação e recusar tudo o resto.

Na folha da História Clínica, aparece referida, repetidas vezes, a palavra "cação", numa transcrição excessiva da conversa da mulher, mas é no início do registo do Exame Objectivo, que surge o ponto alto: “Consciente, colaborante e orientado. Hálito a cação! …”

domingo, 8 de maio de 2016

Verdades


Lembrar-te-ás de respeitar os mortos, porque ninguém respeita os vivos sem saber de onde eles vieram.

in "Para onde vão os guarda-chuvas" de Afonso Cruz

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Economia na Saúde




A Europa vive tempos de incerteza. Um vento de multinacionais entra em negócios tradicionalmente nas mãos de pequenas empresas, oferecendo serviços e bens a menor custo para o consumidor, à custa da precariedade do trabalho, do esmagar dos preços à produção e dos salários dos trabalhadores. É também esta a lógica dos “investidores em Saúde”.

Os políticos têm dificuldade em integrar o exponencial desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e, no caso da Saúde, deixam-se levar na lógica dos preços baixos por acto, sem analisarem a sua necessidade e qualidade e, em pouco tempo, vêem-se avassalados com custos crescentes a que o Serviço Nacional de Saúde não consegue dar resposta.

Subrepticiamente, grandes empresas foram tomando conta dos consultórios médicos e das pequenas clínicas, retirando os médicos da tradicional profissão liberal, a troco de uma organização mais ágil na resposta às necessidades de um “mercado” definido pelas expectativas da população.

Ora são as expectativas artificialmente criadas e que são uma das principais áreas de negócio para muitos dos “Privados”, que um Estado responsável tem de conter, para que o orçamento da Saúde seja comportável, pois, neste negócio não há limites para quem queira consumir.

As “guidelines” internacionais e as Normas de Orientação Clínica (NOCs) da Direcção Geral de Saúde, não impedem que se abuse de Meios Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento, numa prática que tem sido apelidada de “Medicina Defensiva”, mas que também pode ser interpretada como atitude de “shotgun”, quando se ultrapassa a capacidade de diagnóstico.

Mas, se o fenómeno existe no Público e no "Privado", neste, o controle dos excessos, não só é mais deficitário, como, nalguns casos, inexistente, numa política de minimizar o doente para maximalizar o negócio.

Acresce que a Saúde, nos últimos vinte anos, para além dos tradicionais médicos, enfermeiros e auxiliares, alargou a tipologia dos seus funcionários a “conselheiros políticos, economistas, gestores, psicólogos, dietistas, nutricionistas, assistentes sociais, podologistas … pois, todos eles contribuem para o "bem-estar físico, psíquico e social dos indivíduos".

Ao enorme aumento da população mundial (quadruplicou no último século), os regimes comunistas responderam com um plano centralizado e falharam. Os regimes capitalistas deixaram “funcionar os mercados”, sem repararem que, se a área de negócio é interessante (e a Saúde é uma das mais importantes, no Ocidente, onde se projecta quem em 2030 mais de 50% da sua população tenha mais de 50 anos), a tendência é para a formação de grandes grupos económicos para a sua exploração.

Se a concentração termina em três “players” (como agora se diz), de modo a que da sua concorrência, resultem preços baixos apelativos para a população, os políticos de pacotilha, sorriem.

Três é a sua fórmula mágica, seja nos Hipermercados, nas Telecomunicações, nos Bancos, nos Seguros de Saúde, nas Análises Clínicas ou na Hemodiálise.

É-lhes mais cómodo assim. Sabem com quem devem falar, mesmo que os investidores sejam chineses ou sediados em offshores de origem incerta.