quinta-feira, 25 de junho de 2015

terça-feira, 23 de junho de 2015

S. João


Hoje é dia de S. João no Porto e em Braga. Era inicialmente uma festa pagã, associada à fertilidade e à alegria das colheitas, centrada no solstício de Junho e que, à semelhança do que sucedeu com o Entrudo, a Igreja cristianizou atribuindo-lhe o nascimento de S. João Baptista.

João, filho do sacerdote Zacarias e Isabel, prima de Maria, pregava a purificação pelo baptismo. Tinha 25 a 30 discípulos e baptizava judeus e gentios arrependidos. Foi preso por alegadamente liderar uma revolução. Foi decapitado aos 24 anos, a pedido de Salomé, neta de Herodes, o Grande, por alegadamente a ter difamado.

É santo protector contra as doenças infantis, da amizade, das modistas e dos antiquários e santo padroeiro do Porto, Braga em Portugal e de Camaquã e Macaé no Brasil, de Florença em Itália, ... para além de múltiplas paróquias da "latinidade" e também da Maçonaria.


Pensamento:
Se quisermos memorizar eficientemente um facto ou um conceito, temos de o incluir numa pequena história. É este o fundamento da Bíblia para dar os princípios prevalentes nas sociedades judaico-cristãs. Como essas histórias têm milhares de anos e se reportam a um estar que já não existe, os exegetas tentam dar-lhes sentido.

Algumas, só são aceites por “tradição”, como a de Job, onde Deus numa “aposta” com o Diabo, lhe permite a destruição do seu património, família e saúde, para pôr à prova a sua fé, para depois desta confirmada, lhe dar novas mulheres, filhos, gado e outros bens, tudo incluído no mesmo "pacote".


A igreja católica, para além da Bíblia, utiliza também os “Santos”, para controlar as crenças pagãs, que tendem a desviar-se do núcleo bíblico, orientando-as para “comportamentos úteis”.

A religião romana, à semelhança das grega, persa e egípcia da Antiguidade, era politeísta. Os seus deuses tinham formas e carácter humano, o que lhes possibilitou adoptar o culto a deuses dos povos com que estabeleciam contacto, quando eles possuíam poderes inexistentes no seu "cardápio" religioso. O culto público era organizado pelo Estado através de funcionários públicos, sendo o maior deles o Sumo Pontífice.
Quando Constatino (272 -337), em 313, publicou o Édito de Milão, foi concedida liberdade para todas as religiões no Império Romano e terminou a perseguição aos cristãos. Mais tarde, à boa maneira romana, assumiu o papel de Sumo Pontífice, responsável pelos deuses e pela saúde espiritual dos súbditos e, como Jesus não deixara nada escrito e a transmissão oral levara a múltiplas interpretações e cultos em igrejas locais independentes, em 325, patrocinou generosamente o Primeiro Concílio de Niceia, para estabelecer as bases da ortodoxia cristã, a serem aplicadas em todo o Império, criando assim os hereges para questionar essas “verdades”.

O culto dos Santos padroeiros, surgiu naturalmente, num povo habituado a uma multitude de deuses menores, cada um com a função de defender um aspecto da vida ou de uma comunidade, dependendo mais da "fėzada" de quem o invoca de que da sua actividade em vida.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A ditadura do carro



Acordar na última, tomar o pequeno-almoço no elevador, entrar no carro, o saber que se não chega à rotunda dentro de 5 minutos não vai chegar ao trabalho a horas e o carro de trás já está a buzinar. A rádio diz que a rotunda de relógio tem 30 minutos de filas e por aqui pensamos ai ainda bem que não vivo em Lisboa. Estas são as primeiras horas do dia da maioria dos portugueses. Como se estas primeiras horas não fossem horas a sério, como se não contassem, o correr como se o dia apenas começasse quando uma pessoa se senta a trabalhar, tudo até aí é preparativo. O ritmo corrido dos nossos dias, a glorificação da pressa, apenas o destino interessa, nunca o caminho.
As cidades estão desertas e às 7.30 começa-se a ouvir o zumbido dos carros. 1 pessoa – 1 carro. Uma bolha, vidros fechados, todos os dias o mesmo trajecto,  a monotonia do tempo porque este tempo deixou de ter valor. O que interessa é chegar. E depois voltar e chegar a outro lado. A cidade que deixa de existir para ser apenas um espaço entre pontos de partida e destino.
 As cidades só fazem sentido enquanto espaços para pessoas. Os negócios, os cafés, os museus, as lojas, os jardins, as esplanadas, as praças não foram criados para os sábados à tarde e domingos soalheiros. As cidades têm uma vida própria em conjunto com as pessoas que pisam as ruas e quem vive entre pontos, entrando e saindo do carro não a conhece. As cidades do século XXI terão de descobrir o que querem ser – se um aglomerado de dormitórios ou espaços de convívio, onde as pessoas abraçam outros espaços fora da sua sala de estar.  
Nova Iorque, uma das cidades mais apressadas do mundo, decidiu em 2008 criar vias cicláveis por toda a cidade e os resultados foram impressionantes – numa cidade com 20 milhões de habitantes a correr de um lado para o outro, a mudança do paradigma da mobilidade conduziu a uma diminuição dos acidentes automóveis em 25%, diminuição de 10% da emissão de gases de efeito de estufa, aumentos de cerca de 50% no consumo no comércio local, diminuição dos espaços comercias vazios e cerca de 80% de aumento no número de pessoas que passaram a usar as esplanadas e parques da cidade. As cidades não mudam por acidente. Amesterdão nem sempre foi a cidade das bicicletas. As cidades do século XXI são planeadas e cabe aos bracarenses pensarem que cidade querem viver e deixar para o futuro.
Junte-se a nós. Saiba mais em bragaciclavel.pt. Boas pedaladas!

Helena Gomes in Diário do Minho

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Para a mãe, no Dia da Mãe

Rosto de uma pequena agenda.
... aos 6 anos.

domingo, 7 de junho de 2015

Portugal e a Emigração pelos olhos de um ex


Abalar para os quatro cantos do mundo em busca de uma vida melhor foi a solução encontrada pelos melhores portugueses através dos séculos. Uns foram empurrados, outros, os Cripto-Judeus que escaparam à fogueira, expulsos. Melhores, não pelas qualificações académicas, mas, só pelo facto de terem decidido emigrar, demonstraram e demonstram ter a energia, a iniciativa e estar dispostos ao risco para progredir,  qualidades de que Portugal necessita para se revitalizar. (para nos apercebermos do capital humano que perdemos ao expulsar os Judeus Sefarditas, recomendo o livro "Farewell España" de Howard M. Sachar).
Eles e os seus descendentes, foram e continuam a ser factores positivos nas economias e nas culturas dos países que os acolheram - França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo, Holanda, Reino Unido, EUA, Brasil, África do Sul, entre outros. Sem pedir nada a ninguém, e sem subsídios, refizeram as suas vidas a partir do zero em terras estranhas. Fizeram nestes países o que lhes foi impedido de fazer por cá.
Emigrar parece ser também a solução dos melhores Portugueses deste século, e o ciclo repete-se.

Os que cá estão são, obviamente, os descendentes dos que por cá foram ficando, e com eles aprenderam a estar na vida. A vasta maioria pertence a uma classe média instável ou a uma classe média-baixa atemorizada, que cedo aprendeu as regras do jogo, e se "adaptou", tal como os progenitores, para assegurar o pouco que tem, ficando a fazer parte do problema. Dentro destes há uma sub-espécie parasitária, particularmente perniciosa, que se filia ainda muito jovem nas hordas das Mocidades Partidárias (seguindo as tradições Fascista e Comunista), e organizações quejandas, para assegurar um futuro sem nunca necessitar de ter um emprego sério. Há também uma minoria que, mesmo que em algum momento tenha tentado ser agente de mudança para fazer parte da solução, acaba inevitavelmente, por medo ou desalento, por se acomodar à mediocridade nacional para sobreviver. Há os que vivem com 10 Euros por dia. E por fim, há uma minoria de Portugueses inovadores e produtivos, que vive no século XXI, e vai evitando que o barco afunde, mas sem dimensão suficiente para fazer Portugal sair do marasmo em que sempre esteve.

Agora que a recente prosperidade virtual dos Portugueses esbarrou com a realidade, os media exaltam periodicamente o sucesso de alguns Portugueses da Diáspora. Parece ser uma tentativa de associar o sucesso desses emigrantes com Portugal e os Portugueses, para levantar o moral colectivo, tal como quando Ronaldo é eleito o melhor futebolista do mundo, ou o Mourinho o melhor treinador. Esquecem-se de mencionar que os emigrantes foram durante muito tempo alvo de escárnio dos que por cá ficaram e que, quando os que cá vinham de vacances se atreviam a criticar fosse o que fosse, ouviam com frequência o comentário: "só porque vives lá fora achas que sabes tudo!", e os mais sofisticados, que vinham de férias, ouviam "há que adaptar as soluções dos outros países à realidade nacional", o que na realidade significa torná-las ineficazes.

Tem havido recentemente também apelos e iniciativas do governo para aliciar emigrantes a regressar e trazer capital e know-how para participarem na revitalização da economia. Estas iniciativas canhestras, estão condenadas a falhar, porque é pouco provável que um emigrante no seu perfeito juízo acredite que Portugal tenha feito as reformas estruturais necessárias para fazer o país atractivo ao investimento. O investimento estrangeiro em Portugal tem-se limitado, com raras excepções, à aquisição de empresas falidas a preços de saldo por investidores oportunistas (o que nāo tem nada de errado), ou por oligarcas da cleptocracia Angolana para branquear capitais (o que tem tudo de errado), ou ainda por empresas Chinesas, mais ou menos estatais, por motivos estratégicos (o que deveria ser acautelado).


Houve algumas mudanças, impostas do exterior, mas que apenas arranham a superfície, e não mudam a cultura. A Justiça continua politizada, a relação incestuosa entre política e economia continua, assim como a burocracia paralisante. Os Portugueses parece que só aceitam mudança desde que tudo fique essencialmente na mesma.
E como se isto não fosse suficientemente perverso, a massa crítica da população permanece ignorante, mesquinha, retrógrada, invejosa e intoxicada de futebol, em proporções variáveis. Panem et circences revisitado?
Heróis do mar? Pobre povo!

Por último, e o mais importante, Portugal não tem credibilidade. Poderá ser um parceiro fiável nos contractos supostamente gravados na pedra, que o Estado fez com grupos privilegiados para criar as famigeradas PPPs, mas tem uma história de incumprimento dos contractos assumidos para com os seus cidadãos.

Texto de um ex-emigrante que se quer anónimo

sábado, 6 de junho de 2015

CO2



...

não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
...
Como gostava de ter esta piedosa bonomia de Rómulo de Carvalho, em vez do fel que me revolve quando encontro gente desta em lugares de alguma relevância, estejam eles atrás de uma secretária “a cumprir ordens” ou em lugares decisórios, só porque o “sistema” promove quem “cumpre” e pune quem questiona.
Nos últimos 100 anos, o automóvel tomou conta do mundo - contabilizam-se 1 para cada 10 pessoas. Dão uma nova medida ao tempo, facilita-nos o transporte, o lazer e são ícon de sucesso e de “poder”.
Tantas são as suas vantagens, que as cidades se alteraram para lhes dar privilégios, sacrificando os espaços públicos e o estar de quem os não possui.
Sob a sua égide, tudo passou a ficar longe, para ficar “perto”. Dificultou-se a actividade do comércio de proximidade, das escolas de bairro, das pequenas fábricas e criaram-se Centros Comerciais, “Mega Agrupamentos Escolares, Parques Industriais e grandes Centros Hospitalares, onde a maioria chega individualmente motorizado, libertando CO2 para a atmosfera.
Bem fala frei Tomás e o punhado de gente de ciência que se alerta com as consequências do aquecimento global, que as políticas não se alteram para que seja possível viver fora da sua dependência.  
Não é fácil, principalmente quando 10  “AutoEuropa’s” equivalem o nosso PIB e quando o “bem-estar” de muitos países depende das indústrias associadas ao petróleo e ao automóvel, mas, não iniciar passos que valorizem a proximidade, o comércio e as escolas de bairro e as pequenas indústrias e se dêem fortes incentivos ao transporte público, é construir para destruir, porque o futuro não fica desse lado. Disse-mo Carl Sagan, Albert Arnold e o Papa Bergoglio, e eu … acredito.
...
Quanto à “Indústria”, há que desenvolver a possibilidade de capturar o CO2, antes de ele ser enviado para a atmosfera, e armazená-lo em bacias carboníferas «nos poros do carvão», injectá-lo em aquíferos de água salina, não potável, ou em jazidas de petróleo (uma medida já utilizada no Mar do Norte, pela Noruega, e nos Estados Unidos).
Temos um trabalho ciclópico pela frente e mantemo-nos parados à espera de que os U.S.A. ratifiquem o Tratado de Quioto, para então deitarmos abaixo e começar "direito".