A linguagem médica usa frequentes comparações com coisas comuns para caracterizar as situações e melhor se fazer entender pelos doentes. Expressões como: fezes como “borra de café”, urina “cor de vinho do Porto”, dores “em facada”, hálito a “maçãs reinetas”, ouvem-se diariamente nas enfermarias.
Outras, que eram o reflexo de uma avaliação pelo toque digital ou pela palpação, caíram em desuso com a melhoria das técnicas de Imagem (Ecografia, TAC e Ressonância Magnética) que permitem precisão nas medições, e assim tornou-se inadequado dizer: um “gânglio do tamanho de uma azeitona”, “uma próstata do tamanho de uma castanha” ou comparar qualquer massa palpável com outro tipo de fruta, dando sequência aos conceitos de uma população com dificuldade em entender os volumes.
Numa das minhas consultas, para tentar identificar se a queixa de “urinar muito durante a noite” era significativa, insisti:
-“Muito, mas para aí quanto?”
E o homem depois de pensar um pouco respondeu:
-“Para aí…, penico e meio!”
E criou-me uma nova unidade de medida – o penico (cerca de 2.000ml, ... para não esbordar).
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