sábado, 18 de abril de 2015

Ode à enfermeira "preferida".


Antes de mais nada, quero dizer que te escrevo, porque, de algum modo, mo pediste.
Depois, quero que saibas que fico feliz quando já lá estás quando eu chego, e que, embora finjas que não dás por mim, estás atenta aos meus pequenos gestos. E porque isso me dá a importância de que preciso para me sentir confiante, respondo-te de igual modo, simulando desatenção até um acaso me justificar um sorriso para os teus olhos.

Trabalhar contigo é dançar com quem não tropeça nem pisa e dá ritmo ao voltear, recebendo uma disponibilidade que acrescenta e nos corrige, sem a petulância de quem espera um erro para mostrar o pior de si.
Gosto da calma que me dás quando ela foge e quando me apressas se o tempo se esvai, sem mais que um meio-tom na tua voz, um leve aceno no teu gesto, ou uma suave diferença nesse teu olhar esmerado de mulher, capaz de ver o que aos meus olhos se lhes se nega.
Alegra-me a doçura que derramas sobre a dor de quem padece, que não duvides da boa fé que ponho no que faço quando as coisas correm menos bem, e do direito que me dás aos maus humores quando me desacerto com o imprevisto.

És enfermeira, mas podias ser professora, bailarina, agricultora, engenheira ou uma simples dona de casa, que sei que as tuas mãos poriam o mesmo carinho nas palavras, nos ritmos, nos papéis para que os seres cresçam melhor do teu lado do mundo.

É assim que te vejo, atenta ao que te envolve, dentro e fora destas portas, para que o equilíbrio não falte a quem de ti depende, sabendo que o fazes mais pelo gosto de assim ser, que pela parca paga que te dão no fim do mês.

Bem hajas, aqui, ali ou acolá, na primeira e única vez ou na rotina do trabalho de todos os dias, onde o teu sorriso transparente limpa o ar e torna o sol ameno e que, se o acaso nos trouxer chuva fria, tu saberás limpar o rosto de quem sofre e dar sentido à tempestade.

Fernando

P.S:  os senhores enfermeiros, pelas suas próprias condições, não devem ser considerados nestas considerações. 

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