sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
Lembranças do Olimpo (32)
A vida é como é, e, mesmo que tenhamos um forte “wishfull thinking”, a realidade irá, mais tarde ou mais cedo, bater-nos à porta, para nos tirar o sorriso de “dreamer!”
Necessitamos de uma esperança de felicidade no futuro, principalmente quando vivemos enleados em problemas que não dependem de factores que controlamos, e esquecemo-nos que muito dessa “felicidade” está dentro da nossa cabeça e que seria mais fácil se reduzíssemos aos desejos.
De qualquer modo, sendo eles muitos ou poucos, a felicidade está em superar os desafios que aceitamos, embora frequentes vezes sejamos levados desejar o que nada tem a ver connosco, para, no fim, sermos vítimas deles, que não é um nem dois que morre jovem ao volante de um bólide topo da gama, nem na viajem de sonho aos confins do mundo ou até, que casa com a mulher mais vistosa da terra, para o atormentar o resto da vida.
O ambiente que queremos construir obriga a responder a afirmações dentro do grupo, e o “grupo” não é tão “livre” nas escolhas como pode parecer aos menos atentos. Há uma montanha de pressões a orientar os seus desejos, desde a publicidade mais inócua, às mensagens veiculadas através das escolas e das instituições, que visam direcionar a “populaça”, para o que interessa às elites que condicionam as políticas dos governos. A “fabricação de necessidades” e a “engenharia do consentimento”, são as novas artes da Indústria das Relações Públicas, para moldar opiniões, atitudes e percepções, de modo a que os cidadãos se coloquem no lugar de “espectador não participante”, e “a minoria inteligente se proteja do ruído da carneirada desnorteada e dos intrusos ignorantes e metediços”.
Eram estes pensamentos que estavam por detrás da aceitação de Hipólito, para ir a Massada. Aquela reunião soava-lhe a movimento com pretensões a tomar conta do futuro da maior parte da população do mundo. Tentara acertar-se com a História Contemporânea. Lera o Kissinger e o Chomsky, para ter a noção dos opostos e mais umas coisas dentro das políticas de saúde para o caso de alguém aproveitar a sua condição de médico de um país periférico com um Sistema Nacional de Saúde, para lhe fazer perguntas.
A complexidade da natureza humana sempre o surpreendera. Tivera um circulo de relacionamentos com quem tivera complacência, até se espantar com a trafulhice de que muitos eram capazes a troco de uns míseros euros ou por uma pequena vantagem. Tentava manter os amigos mais antigos e alguns jovens que ainda resistem àquelas tentações que resolvem dois problemas e criam dez!
A velha máxima de que o homem faz todo o mal que pode e todo o bem a que é obrigado, era uma das suas preferidas. Fazia o seu trabalho com a sensação de que podia alterar o estar de uma meia dúzia de pessoas, mas perdera qualquer veleidade de fazer filosofia sobre o que quer que fosse, para além disso.
Admirava a ousadia dos visionários que se dispunham a orientar as massas para amanhãs cantantes, ignorando as consequências a curto, médio e longo prazo das suas soluções, e mantinha a opção de defender a diversidade organizacional e não uma única via como o fazem os “grandes líderes”!
Lembrava o mal que a ignorância pode causar, e fazia analogias com as salamandras, um bichinho que até há bem poucos anos, não tinha qualquer importância para a Humanidade, mas que por se ter descoberto a sua capacidade em regenerar, na totalidade, os membros, estava a ser alvo de estudo para tentar entender como obter iguais resultados no homem.
Quanto fica por desvendar, no que desaparece?
Os radicalismos, mesmo que tenham a melhor das intenções, são exterminadores e limitam as opções ao conhecimento e esse, era o seu verdadeiro Deus.
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