quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
O nosso "anti-racismo"
Os europeus tornaram-se multiculturais, tanto nos factos como por princípio. As comunidades imigrantes, muitas vezes pesadamente muçulmanas, crescem nos países europeus em resposta à carência de mão de obra de princípio do pós Segunda Guerra Mundial. Nos primeiros tempos, os activistas destas comunidades lutaram por direitos iguais para os imigrantes e seus filhos, mas viram -se frustrados por continuas barreiras à mobilidade ascendente e à integração social. Inspirados tanto pela Revolução Iraniana de 1979 como pelo apoio saudita às mesquitas e madrassas salafistas, começaram a aparecer na Europa grupos islamitas que defendiam que os muçulmanos não deviam procurar integrar-se , mas sim manter instituições culturais separadas. Muitas pessoas da esquerda europeia abraçaram esta tendência, considerando os islamitas como os autênticos porta-vozes dos muçulmanos, mais marginalizados do que integrados, que tinham optado por se integrarem no sistema social. Em França, os muçulmanos tornaram-se o novo proletariado, com parte da esquerda a abandonar o seu secularismo tradicional em nome do pluralismo cultural. As criticas de que os islamitas eram ele próprios intolerantes e iliberais era muitas vezes minimizadas sob a bandeira do antirracismo de contrariar a islamofobia.
In Identidades, Francis Fukuyama
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