terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Israel e os Judeus




A Guerra da Independência (1948) deixou “assuntos por resolver” – fronteiras que os cálculos dos militares da época achavam praticamente indefensáveis.

No início dos anos 50, os egípcios encorajaram incursões de guerrilha através da fronteira sul de Israel e em 1956, nacionalizaram o Canal do Suez e fecharam-no aos barcos de Israel o que despoletou a Segunda Guerra Israelo-Árabe.
No início da década de 60 a Síria tornou-se o principal problema para Israel. Além de fornecer hospitalidade a tropas irregulares palestinianas que faziam incursões através das fronteiras nordeste, Damasco tinha planos para desviar as águas do rio Jordão.

Em 1967, dezanove anos após o seu nascimento, na Guerra dos Seis Dias, Israel derrotou os exércitos conjuntos do Egipto, Síria e Jordânia e estabeleceu-se como uma superpotência regional, reconfigurando o Médio Oriente.
Em 1967 Israel era “um estado europeu”. Nascera de um projecto europeu e fora configurado geográfica e sociologicamente pelas vicissitudes da história europeia. Os árabes não estavam no centro da preocupação da maior parte dos judeus. O país estava moldado pelo sionismo trabalhista dos imigrantes polacos e russos dos primeiros anos do século XX, com as suas comunas agrícolas igualitárias semiautónomas, puritanas e provincianas - os Kibbutz. Muitos israelitas orgulhavam-se de viver em paz junto de árabes e incentivavam os jovens a familiarizar-se com a sociedade árabe local, tanto como com a flora e a fauna da paisagem. Para os sionistas de antes de 1967, os árabes eram parte do cenário físico no espaço onde o Estado de Israel se tinha estabelecido.

Os USA que, até aí, pouco apoio tinham dado a Israel, tornaram-se o seu principal aliado, contribuindo também com uma nova geração de emigrantes entusiastas, que já não traziam como os primeiros, velhos textos socialistas de emancipação, redenção e comunidade, mas uma Bíblia e um mapa. Para eles a ocupação da Judeia e da Samaria não era um problema, era a solução, e a derrota dos seus inimigos históricos, não era o fim da história, mas o início.

Também no rescaldo da Guerra dos Seis Dias, os judeus da Síria, Iraque, Egipto, Líbia e de outros países da região, foram sujeitos a perseguições e discriminação e o ritmo da imigração judia a partir dos países árabes conheceu uma subida acentuada. Esta nova população tinha opiniões fortes e distintamente hostis sobre os árabes, o que alterou significativamente a relação das forças políticas do país.

O risco que Israel corre hoje, é para muitos dos seus mais veementes defensores, que o sionismo se tenha tornado numa ideologia de autoveneração e exclusividade e pouco mais.

Notas tiradas de “O século XX esquecido” de Tony Judt



Nota: Os judeus são ~13,2 milhões, dos quais ~5,5 milhões vivem em Israel e na Palestina e ~5,1 milhões nos EUA .

1 comentário:

Anónimo disse...

A inserção deste pequeno filme, dá impressão que consideras os Hassidim representantes típicos do universo dos Judeus.
Os Hassidim poderão ser os mais visíveis, mas não são mais que 5% dos Judeus e são, no melhor dos casos, tolerados, e no pior, desprezados pelos restantes.
Mas mais importante para este tema, é que não reconhecem o estado de Israel porque foi criado pelo homem e não por Deus.