domingo, 16 de janeiro de 2022

Era uma vez uma velha que morava numa ilha

Fosse eu o meu tio-avô Rogério, entraria de rompante e, com alta voz, declarava: "Eu é que sei! Assim é que é!. 

O assunto que hoje aqui me traz, tem a ver com o respeito pela tradição oral, porque a História tem de ser lida à época e o "politicamente correcto" raramente nos ajuda, mesmo quando há violência doméstica e gente feita da pele do diabo. É que as histórias têm de ter coerência e "pôr um gato a andar de rabanete", não só não tem lógica, como é pior que "atirar o pau ao gato".

O que tenho na memória, de há mais de meio século, reza assim: 

Era uma vez uma velha que morava numa ilha
E tinha um gato com os olhos cor de ervilha.
Que, por sinal, era muito lambareiro
E de tudo o que era petisco, andava sempre ao cheiro

Certo dia encontrando um chouriço
Meteu ao estreito o patife do enguiço. 
Vindo o dono do chouriço p'ra jantar
Encontrou a mulher a soluçar.

Oh mulher, o que tens, o que foi isso?
Foi o gato que nos comeu um chouriço!
E o homem pegando num cacete
Fez do lombo da mulher um perfeito tamborete.

E a mulher começando a gritar
Acorreu muita gente do lugar.
E aparecendo a Polícia, de repente
Começou a desancar em toda a gente.

Mas a velha que era levada do diabo
Bateu no guarda, no sargento e até no cabo.
E aqui está como se forma um reboliço
Por causa d´um gato roubar um chouriço.

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