sexta-feira, 6 de maio de 2022

“O Retorno”

SINOPSE: 1975, Luanda. A descolonização instiga ódios e guerras. Os brancos debandam e em poucos meses chegam a Portugal mais de meio milhão de pessoas. O processo revolucionário está no seu auge e os retornados são recebidos com desconfiança e hostilidade. Muitos não têm para onde ir nem do que viver. Rui tem quinze anos e é um deles. 1975. Lisboa. Durante mais de um ano, Rui e a família vivem num quarto de um hotel de 5 estrelas a abarrotar de retornados — um improvável purgatório sem salvação garantida que se degrada de dia para dia. A adolescência torna-se uma espera assustada pela idade adulta: aprender o desespero e a raiva, reaprender o amor, inventar a esperança. África sempre presente mas cada vez mais longe.


A minha crítica: O 25 de Abril apanhou os portugueses numa altura em que sabiam o que não queriam, mas estavam longe de saber o que queriam. A pulverização das opiniões e a catadupa de acontecimentos difundidos pela Comunicação Social dificultavam o entendimento dos projectos das diferentes forças políticas, a que se juntou o problema da descolonização e o acolhimento dos retornados.
Este livro é a imagem real desse ambiente. Muito bem escrito, é um óptimo testemunho de uma época marcante na nossa história.
Um livro obrigatório.

Dulce Maria Cardoso, nasceu em 1964, numa aldeia de Carrazeda de Ansiães. Com 6 meses de idade foi viver para Luanda com os pais, de onde havia de regressar em 1975, após a independência de Angola.
Formou-se em Direito e foi advogada.

"O Retorno” (2011) é o seu livro de referência. Prémio Especial da Crítica e livro do ano dos jornais Público e Expresso.

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