domingo, 8 de outubro de 2023

S. Martinho

 


Onze de Novembro é dia de S. Martinho e os dias chuvosos darão espaço a três dias amenos antes do verdeiro inverno – o Verão de S. Martinho, e como Martinho rima com vinho, e as rimas ajudam a sabedoria popular para lembrar os afazeres, no S. Martinho vai-se à adega, prova-se o vinho e faz-se um magusto com castanhas, água pé ou jeropiga, mesmo que o santo tenha sido abstémio.

O soldado romano, a cavalo, de espada na mão a dividir a capa com um desgraçado é a sua imagem de marca e aquilo que “o povo” sabe do santo. Na História, observado à distância de uns séculos, Martinho de Tours, também foi um "malfeitor".

Martinho nasceu na Panónia (actual Hungria), em 316. Era filho de um tribuno da Guarda Imperial do exército romano. O seu nome tem relação com o deus da Guerra de Roma - Marte. Com 15 anos, por ser filho de oficial veterano, foi chamado ao regimento de cavalaria e em 356, quando estava estacionado perto da actual Amiens, em França, converteu-se ao cristianismo e tornou-se monge e eremita. Terá andado pela Panónia, pela Itália e pelas Balcãs, onde segundo Sulpício Severo, asceta cristão, seu biógrafo, “conhece o Diabo, faz milagres e exorcismos” e até “arranca uma confissão dos lábios de um morto”. 

Com 44 anos regressa a Poitiers, onde estabelece um ermitério que rapidamente atrai seguidores e se transforma num mosteiro onde a pobreza, a mortificação e oração eram a regra.
Em 371 Martinho é aclamado bispo de Tours e ordena entusiasticamente a destruição dos templos, dos altares e das esculturas pagãs…“Na Gália, São Martinho, bispo de Tours, marchava à frente dos seus fiéis monges, para destruir os ídolos, os templos e as árvores sagradas da sua extensa diocese e, na consumação desta árdua tarefa, o leitor avisado, julgará se Martinho foi ajudado por poderes milagrosos ou por armas terrenas”. – (Edward Gibbon)

O Convento Catharijne em Utrecht, é detentor de um martelo de bronze que a lenda diz ter sido usado por S. Martinho para agredir o Diabo e os ícones pagãos.



Esta sanha arrasadora dos monges, que se verificou por todo o Império Romano, levou ao desaparecimento total dos templos gregos e romanos - Salvou-se o Pantheon em Roma!, e à destruição ou grave danificação de estátuas e das obras de arte, em pouco mais de sessenta anos.

Morreu aos 81 anos e, graças à biografia fabulosa de Sulpicius Severus, tornou-se mais importante que em vida. O seu túmulo virou lugar de peregrinação e a Abadia de Tours, por si fundada, havia de se transformar numa das instituições mais proeminentes e influenciadoras da França medieval.

É o santo padroeiro de França e dos soldados e é invocado pelos pacifistas para justificar a sua objeção de consciência contra a guerra.

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