terça-feira, 15 de julho de 2025

Gelfa


 Sanatório Hospital da Gelfa

Em setembro de 1902, realizou-se, em Viana do Castelo, um Congresso sobre Tuberculose e, na sua sequência, decidiu-se criar um Dispensário Antituberculoso na cidade e um Sanatório Marítimo para tratamento de crianças, no distrito.

Em 1909, a Junta de Freguesia de Âncora cedeu à “Assistência Nacional aos Tuberculosos” (ANT) um terreno de 10 hectares para a construção do Sanatório.
Em 1912, a obra estava concluída, mas não recebeu doentes, em detrimento do sanatório de Francelos (V. N. Gaia), destinado a funções idênticas.

Em 1919, o edifício foi entregue ao Ministério da Guerra, com o objetivo de aí serem tratados os militares tuberculosos do Corpo Expedicionário Português, mas os soldados nunca chegaram a ser enviados para a Gelfa.

Só em 1929 o Sanatório viria a receber os primeiros doentes — crianças e adultos com tuberculose óssea — tendo sido alvo de novas obras, que o dotaram de largas varandas viradas a sudoeste, para os “salutares” banhos de sol.

Em 1934, a eletricidade chegou ao Sanatório e, em 1936, foi aberto o troço de estrada que liga a Gelfa à estrada nacional. Por esta altura, encontravam-se ali internados 82 doentes.

Na década de 60 do século XX, o tratamento ambulatório da tuberculose levou à desativação dos sanatórios.
Em 1963, o Sanatório da Gelfa passou a Hospital Psiquiátrico da Gelfa, recebendo doentes do sexo feminino, em articulação com os outros polos: o Hospital de Moselos, em Paredes de Coura, e a Casa de Saúde do Instituto São João de Deus, em Barcelos.

Em 1999, o polo psiquiátrico da Gelfa foi definitivamente desativado, passando as doentes a ser internadas no Hospital de Viana do Castelo.

Em 2001, em época de “abundância de dinheiros da União Europeia”, o velho e degradado imóvel da Gelfa foi proposto para renovação. As obras terminaram em 2005, mas só então se concluiu “não se justificar mantê-lo como hospital psiquiátrico", tendo-se iniciado diligências para o transformar numa Unidade de Cuidados Continuados. Entretanto, o edifício foi alvo de vandalismo.


Em 2013, foi entregue à gestão do Instituto São João de Deus como Unidade de Cuidados Continuados, situação que se mantém até ao presente.



O Instituto São João de Deus:

João Cidade Duarte nasceu em 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal, Foi viver para Espanha, muito novo. Teve, inicialmente, uma vida  errante e atribulada. Foi soldado durante algum tempo.
Por volta dos 40 anos, em Granada, ouviu um sermão do célebre pregador São João de Ávila, que o tocou profundamente. Teve então uma crise espiritual tão intensa que chegou a ser considerado louco e foi internado num hospital psiquiátrico.
Depois de sair do hospital, decidiu dedicar-se totalmente aos pobres e doentes. Começou por recolher mendigos, doentes e pessoas abandonadas, cuidando delas com os seus próprios meios. Com o tempo, outras pessoas juntaram-se a ele..
Entre 1537 e 1550, João começou a organizar a sua obra, dando origem à Ordem Hospitaleira de São João de Deus, que se dedicou sobretudo à assistência hospitalar e que ainda hoje existe em mais de 50 países. Faleceu em 1550, em Granada.

Em 1572, o Papa Pio V aprovou formalmente a Ordem, como ordem religiosa de direito pontifício, diretamente ligada ao Vaticano, isto é, supervisionada pelo Papa e pela Santa Sé, podendo atuar em todo o mundo com autonomia em relação às dioceses locais.
A sua sede mundial (chamada oficialmente “Cúria Geral”) fica em Roma, Itália, embora a cidade de Granada, em Espanha, seja considerada o berço espiritual da Ordem.

O atual Superior Geral é o Irmão Pascal Ahodegnon, nascido a 10 de abril de 1971, em Savé, Benim. É médico, formado pela Universidade de Milão. O mandato iniciado em novembro de 2024 vigora por seis anos.
O representante máximo em Portugal é o Superior Provincial, cargo ocupado desde março de 2022 pelo Irmão José Paulo Simões Pereira, formado em Psicologia.

As principais Unidades de Cuidados Continuados associadas à Ordem em Portugal são: a UCC da Gelfa (Vila Praia de Âncora, Caminha, Viana do Castelo), a Casa de Saúde do Telhal (Sintra), o Hospital São João de Deus (Montemor-o-Novo), a Casa de Saúde São João de Deus (Barcelos) e a Casa de Saúde Rainha Santa Isabel (Condeixa-a-Nova, Coimbra).

A Ordem também gere lares, residências assistidas e centros de acolhimento.

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