segunda-feira, 24 de março de 2008

O Chilique




O termo surge no discurso médico no século XVI, em França, associado a “teorias uterinas” que postulavam que “fumos” emanados por uma "matriz doente", invadiam o organismo provocando convulsões e crises de histeria.
Como tal eram apanágio das mulheres.

Mais tarde, descrevem-se nos 2 sexos e associam-se aos ambientes votados à inactividade e à libertinagem. Eram descritos como endémicos nas grandes cidades, onde atacavam principalmente as mulheres da aristocracia e burguesia rica.

Demasiado vagos e movediços para se adaptarem ao rigor da observação clínica deixam de interessar à medicina moderna e vão encontrar refúgio nos salões mundanos, onde se consagraram, para exprimir o círculo de humores, caprichos, amuos, desmaios, dores de cabeça diplomáticas, palpitações, lágrimas fingidas e outras insignificâncias com as quais uma mulher deve continuamente jogar para que lhe chamem “uma linda mulher”.
O destino trágico dos chiliques acabou na comédia humana.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este post é curioso.

Suponho que para que os ditos chiliques tivessem lugar, muito terá contribuído o uso do espartilho que as não deixava respirar, mas as tornava quase etéreas. Isso, e a ideia de que as mulheres, por serem o sexo fraco, leia-se "mimoso", "gracioso" e "frágil" não deveriam/precisariam de comer... o suficiente.

Não sei se estou correcta, mas os ditos chiliques só se verificavam nas classes abastadas, onde até o sol era evitado para não tisnar a pele de tão delicadas criaturas.

Imagino-as vergadas pelo peso do pecado e do socialmente correcto, dependentes em tudo de um "bom" casamento.

Não preciso de fazer grande esforço. Persistem traços. Fico com vontade de ter, eu própria, um chilique quando assisto a certas coisas!

capitão disse...

Actualmente o Trangolomango chama-se SÍNCOPE e ... é um problema que exige muita qualidade no diagnóstico para despistar doença que esteja associada a MORTE SÚBITA.