Eu sou bisneta do padre José Maria. A minha bisavó era criada dele quando a minha avó nasceu. Ele nunca a perfilhou, mas toda a gente na aldeia sabia. Depois, ela ainda teve outro filho, mas esse era de outro senhor.
Quando o padre morreu, deixou tudo a uns sobrinhos. A minha avó contestou o testamento no Tribunal e acabou por herdar noventa contos, que era muito dinheiro naquela altura, e arranjou a casa onde agora ainda vivemos.
Quando o meu pai ia à doutrina, o povo dizia-lhe, de brincadeira, para pedir a bênção ao avô. Mas ele nunca os tratou como família.
Dizem que era boa pessoa. Nos últimos dias não negava que a minha avó era filha dele.
Morreu velhinho, na casa de um sobrinho. Está no cemitério, num jazigo, onde há mais de trinta anos não põem lá ninguém.
Nós não vamos lá, nem no dia de finados.
A tristeza pega-se
Há 1 hora
1 comentário:
Na minha família paterna temos uma historia engraçada com padres: pelos vistos a irmã do meu avô envolveu-se com o da paróquia acabando por emprenhar. O meu avô juntamente com outro irmão, para limpar a honra da irmã, para não ir ao focinho do padre resolveram pegar num ferro e destruir o carocha deste.
Conclusão: O padre enviou uma carta ao bispo para excomungar a família toda. Somos um bando de excomungados...
Enviar um comentário