Putin:
Antes de mais quero-te dizer que a tua
opção de iniciar uma guerra com estas proporções contra a Ucrânia baseada na “crescente
hostilidade dos ucranianos contra os russos em Dombass”, não se faz, mesmo que
eles defendam políticas de direita. Razões não faltam para o que quer que seja,
mas tentar resolver problemas à força bruta, reaviva as más memórias, principalmente quando muitos ucranianos ainda falam
do “Holodomor” - a grande fome de 1932-1933, que matou milhares de pessoas e da
repressão dos soviéticos de Estaline sobre a população.
Fosse eu ucraniano e não tinha pegado em armas por saber de
antemão o que me esperava. No boxe um peso Galo (53Kg) não luta com um peso
Pesado (>91Kg), mas na vida real há quem, usando as mesmas armas, se atreva a
esse passo, assumindo as lesões que lhe irão condicionar o futuro, talvez por
causa dessas memórias e pela falta de fé de que a transição energética dos
próximos 10 anos, irá obrigar a tua Rússia a mudar de paradigmas.
Quando o Alqueva estiver coberto de painéis solares e tivermos
eólicas nos cumes de muitos dos nossos montes, mais a fábrica de Hidrogénio em
Sines, Portugal vai exportar energia por esta Europa fora e mandar a tua
Gazprom para a falência (Deus me ouça!), e pôr-te a pensar se não teria sido
melhor teres optado por outra solução que não essa invasão desmesurada a um
país soberano.
Agora dizem que queres tirar o mar à Ucrânia, o que para mim
é o mesmo que conquistares Kiev e até já se fala em entrares pela costa da
Moldávia para ficares senhor da maior parte do Mar Negro.
Eu não sei como a guerra vai acabar, mas sei que não te vão deixar sair vitorioso. O teu encosto à China resolve-te o problema a curto prazo, mas ainda
é o “Ocidente” que faz mover o mundo, pese embora o crescente desenvolvimento dos
países asiáticos.
Hoje vais receber o nosso Guterres que se dá mal com os
pântanos e que quer à viva força que esse conflito não se transfore num outro.
Recebe-o bem. Ouve-o com atenção que ele é sensato e sabe a força da “sociedade
da informação” e da reputação que daí advém. Olha que, quando as energias
renováveis dominarem, o petróleo não vai ser o que ainda é, e a Rússia deixa de ter
o que trocar com a China. Quem vier a seguir a ti, vai ter que se fazer à vida
por outros lados e governar um país muito grande com diferentes memórias e sensibilidades, vai ser cada vez mais difícil, principalmente quando ainda há três décadas a URSS se mostrou incapaz de as gerir.
Ouve o meu conselho, pensa no futuro e deixa-te de merdas.
Passa bem!
Nota: Este vídeo é a versão pró-Rússia dos motivos para a sua "Operação Especial" que, mesmo a conter elementos de verdade, não justifica a opção de iniciar uma guerra com estas dimensões.
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