Assunto: Rede de Referenciação de Medicina Interna.
Está em curso a definição pelo Governo dos Quadros Médicos dos Hospitais (Públicos e Privados) e para tal questionam-se as diferentes Especialidades. Foi proposta uma nova Carta Hospitalar para Portugal.
Foram palestrantes o Dr. Adriano Natário (da Administração Central do Sistema de Saúde) e o Dr. Luís Campos.
Os Internistas defenderam as áreas de actividade onde poderão e deverão estar nos próximos anos.Foi este o meu entendimento:Respeitando o espaço de intervenção das Especialidades Médicas e Cirúrgicas sem as quais a Especialidade de Medicina Interna não funciona, há que repensar o modo de obter os melhores resultados.
O Serviço de Medicina Interna deve ser dotado de um nº significativo de Internistas com potencial para acorrer às diferentes necessidades da assistência médica hospitalar. É esta plasticidade o seu maior valor.
A responsabilidade maior da Medicina Interna é o diagnóstico e tratamento médico do doente no Internamento e no Serviço de Urgência. As suas outras actividades são complementares a estas.
O Serviço de Medicina Interna deve ter presença variável em todos Serviços com Internamento, de acordo com as necessidades destes.
As Unidades de Cuidados Intensivos e de Cuidados Intermédios Médicos ou Cirúrgicos são áreas da sua vocação.
O limite de idade para o Serviço de Urgência, que a actual lei garante (dispensa de noites aos 50 anos e dispensa total aos 55 anos) cria dificuldade em cumprir este seu desígnio. Para que o possa cumprir torna-se necessário o ingresso regular de novos quadros, de modo a poder distribuir aos mais novos estas funções e aos mais velhos a Consulta Interna e Externa.
O potencial da Medicina Interna para assumir responsabilidades em áreas diferenciadas: HIV/SIDA, Oncologia, Hepatologia, Diabetes, Hipertensão, Insuficiência Cardíaca, Insuficiência Renal, Doenças Auto-Imunes, DPCO, … é fundamental para que o Hospital possa responder em tempo útil às necessidades dinâmicas da população, sempre que as Sub-Especialidades Médicas o não consigam fazer e, quando a diferenciação atingida é evidente deve-lhes ser reconhecida Competência nessa área do saber médico.
A expansão dos Cuidados Continuados obriga a gerir o internamento dos doentes crónicos.
A Medicina Interna deverá estar presente nas Unidades de Convalescença e de Cuidados Paliativos, não como médico de cabeceira, mas como consultor nas relações destas com o Hospital de Agudos de referência sempre que a situação clínica dos doentes o exija.
Para além da sua actividade na área Médica, perspectiva-se a necessidade da sua presença regular na área Cirúrgica.
Tal facto decorre de a) a maioria dos cirurgiões ter perdido o contacto com o diagnóstico e tratamento das doenças do foro médico, b) da população idosa com doenças crónicas nos serviços cirúrgicos ter aumentado, c) da actividade no Bloco Operatório por cirurgião ser inferior à desejável, d) da actividade da Cirurgia Geral no Serviço de Urgência dever estar mais centrada na actividade cirúrgica e como consultor e não na Triagem e tratamento médico dos doentes cirúrgicos.
Assim, para a mesma actividade cirúrgica, a presença regular da Medicina Interna na Cirurgia Geral melhoraria não só os seus resultados como diminuiria a necessidade de cirurgiões principalmente nas áreas de Cirurgia Geral e Ortopedia.
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