Ser médico é um saber e uma arte.
O saber está nos grossos livros que caracterizam a Medicina e a arte está na capacidade de ouvir, de interpretar e de decidir individualizando as soluções.
Nos anos de formação adquire os conhecimentos, mas a arte exige-lhe uma vida de empenho profissional.
A actual banalização dos meios auxiliares de diagnóstico cria a ilusão do diagnóstico pelas análises, como se fosse possível afirmar ausência de doença na presença de meia dúzia delas normais.
Esta desvalorização do raciocínio que afecta doentes e médicos, aumenta a iatrogenia, os gastos e desvia a atenção do sofrimento do doente, como aconteceu com o Sr. Carlos, que amorosamente acompanhava a esposa à consulta e que, para que não esquecesse nada, trazia “tudo” escrito, com as suas maiores angústias reforçadas a vermelho:
“Como estará ela em Velocidade de Sedimentação? E o ácido úrico desceu? E não será melhor fazer uma radiografia ao toráx?”
... e não a deixava falar!
2 comentários:
Vim sublinhar uma frase deliciosa: quem deixa que a verdade estrague uma boa história...
Sábias palavras!
Pobre Sr. Carlos...
Nem o conheço, mas já simpatizei com ele.
Podemos lá levar a mal alguém que age "amorosamente"?
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