terça-feira, 23 de setembro de 2008

Alice no País das Maravilhas










Pede-se aos artistas que nos dêem uma nova faceta da realidade, facto que leva a uma tolerância tácita em relação a formas novas sem estruturação aparente.
Nas artes visuais o gesto deve obedecer ao cérebro e este não deve deslumbrar-se com o acaso daquele. A literatura exige conceitos estruturados e espoados do supérfluo.
Para se criar é necessário um dom, uma escola e uma vivência.

A insanidade mental é avessa à disciplina de uma nova congruência. Criar sob efeito de halucinogénos ou ter a infelicidade de uma doença que deforme a percepção da realidade (esquizofrenia, depressão grave ou dependente de lesão cerebral), não constitui arte e, se alguns insanes produziram obra de referência, tal deve-se ao muito trabalho anterior, que a doença não afectou e à obstinação a que o autor se obrigou.

Diz-se que Lewis Carroll sofria de enchaqueca e epilepsia temporal, situações clínicas que se associam a macropsia e a micrópsia, facto que lhe terá facilitado a imaginação para escrever “Alice no País das Maravilhas” (1864).

Pressupostos desta índole têm sido influentes na procura de experiências incomuns em drogas ou num qualquer limite, levando frequentemente à marginalidade e a um rápido ou lento suicídio.

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