Com doze anos fui para Lisboa trabalhar, com a ideia de ser sapateiro como o meu pai, mas para cada anúncio de emprego havia mais de 50 candidatos. Só arranjei trabalho nas obras, para os lados do Chiado e o dinheiro que ganhava não dava para as despesas. Um dia, um amigo arranjou-me um lugar de ajudante de cozinha num Hotel e a minha situação melhorou. Ganhava 300 escudos por mês, mas comia de graça. Cheguei a cozinheiro e a vestir o "fato branco". Mas aquilo era uma prisão e eu gostava do putedo, e em 57 tirei a carta e fui para taxista. Voltei em 66 e comprei um taxi na minha terra. Naquela altura havia muita gente emigrada e sem carro, e eu calcorreei essa Europa toda! Tive períodos de ir duas vezes por semana a Paris. Levava 5 de cada vez a mil escudos cada um (o bilhete do comboio custava 700$). Ia buscá-los a casa e punha-os onde eles queriam. Levava-lhes mais malas do que as que eles conseguiam levar no comboio, e isso compensava-os. A grade no tejadilho não podia levar mais. Bons tempos!
"Pessoa que ejacula"
Há 13 horas
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