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Fazer-se entender num restaurante era como ir à televisão participar no concurso do “O gest´é tudo”, e ter de imitar uma batata estufada com ervilhas, perante alguém que de olhos esbugalhados nos diz repetidas vezes um “esprééémezidoitcht” qualquer, para depois nos pôr no prato uma salsicha em cima de uma fatia de pão barrada com mostarda. A coisa acabava naturalmente noutras soluções onde a mímica se reduzisse ao “Pssct” e ao fingir que se escreve no ar para pagar, de modo a nos poupar ao ridículo dos gestos públicos.
Um colega meu de profissão, numa viagem à Alemanha, depois de ter passado aquela fase dolorosa, decidiu ser minimalista.
Entrou. Sentou-se. Avaliu o cardápio, de uma página, com três secções bem definidas e, sem mais delongas, apontou o primeiro de cada grupo, disposto a jogar a sorte de uma entrada, um prato e uma sobremesa. … Comeu três sopas.
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