Agora as coisas são diferentes. Há mais gente a fazer-se entender em inglês nos locais turísticos e, com a Internet móvel, muitos dos problemas que então se punham, para quem não dominava a língua, são agora raridades. Quem, pela década de 1970, se aventurasse em países de leste ou até na própria Alemanha, tropeçava a toda a hora em palavras a soar a “asaftasardem iashemorroidesidem” ditas com todos os erres e intensidade, que rapidamente desistia da oralidade como meio de comunicação.
Fazer-se entender num restaurante era como ir à televisão participar no concurso do “O gest´é tudo”, e ter de imitar uma batata estufada com ervilhas, perante alguém que de olhos esbugalhados nos diz repetidas vezes um “esprééémezidoitcht” qualquer, para depois nos pôr no prato uma salsicha em cima de uma fatia de pão barrada com mostarda. A coisa acabava naturalmente noutras soluções onde a mímica se reduzisse ao “Pssct” e ao fingir que se escreve no ar para pagar, de modo a nos poupar ao ridículo dos gestos públicos.
Um colega meu de profissão, numa viagem à Alemanha, depois de ter passado aquela fase dolorosa, decidiu ser minimalista.
Entrou. Sentou-se. Avaliu o cardápio, de uma página, com três secções bem definidas e, sem mais delongas, apontou o primeiro de cada grupo, disposto a jogar a sorte de uma entrada, um prato e uma sobremesa. … Comeu três sopas.
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