“O café é água! É só vaidade!”, rouquejava com sentido desprezo, ao passar. Ainda não eram quatro da tarde e já mal se segurava.
Durante um tempo, aquele grito, foi rotina. Depois, como seria de esperar, desapareceu.
O Café era um modo de estar. Uma sala de estudo nas horas mortas, com sons. O de quem entra e o de quem sai, o das chávenas que tilintam, o sussurrar dos pequenos gestos simultâneos à chegada de uns passos femininos e o omnipresente cheiro a café e a tabaco.
O Café era um modo de estar. Uma sala de estudo nas horas mortas, com sons. O de quem entra e o de quem sai, o das chávenas que tilintam, o sussurrar dos pequenos gestos simultâneos à chegada de uns passos femininos e o omnipresente cheiro a café e a tabaco.
Um livro, um café, às vezes meia torrada. As mesas marcadas pela preferência dos poucos clientes daquelas horas. Uns estudavam, os reformados olhavam para a rua e o Sr. Sousa zelava, enquanto lia os jornais desportivos que ia buscar à borla à tabacaria que ficava na entrada.
De longe a longe surgia do nada o sr. Lopes, escanzelado, de fato negro, a sussurrar-nos ao ouvido: “Quer preservativos?”, para depois dizer com voz mais clara, enquanto se endireitava: ”...e …pasta dos dentes?, e …creme da barba? Também temos pensos rápidos e outras pequenas coisas para a higiene diária!”, e abria o expositório da mala, para nos tirar do embaraço inicial.
Depois, mudavam as horas e, surgia outra vida. A rua também era ali.
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