Noé Dinis é um homem de histórias e com uma longa história na arquitectura. Um curioso do mundo, conhecedor de várias culturas e dos porquês das construções daqui e dali, com conceitos precisos de como viver uma casa moderna. Mais tarde soubemos que tinha raízes em Afife, onde um dos seus tios foi estucador.
Após uma longa visita ao lugar, acordámos em fazer reviver a Casa do Cabo, mantendo o essencial da sua estrutura primitiva: os socalcos, a implantação da casa e dos anexos. Era sua opinião que as memórias deveriam ser visíveis a quem as procurasse, como as linhas dos acrescentos que a primitiva casa tinha sofrido e fez questão em que, durante a construção, ficasse bem patente o que fora edificado de novo, coisas a que não nos opusemos.
Noé Dinis passou a ser um amigo. Nos fins de semana seguintes fizemos uma visita a algumas casas por si projectadas e recuperadas, na zona de Guimarães e Braga e, na passagem por Famalicão, percorremos o Parque da Devesa que ele estava a orientar (Filme). Vimos casas que nos pareceram excessivas e outras mais contidas, onde aproveitámos para lhe dar dicas para os materiais a usar, enquanto ele nos forçava na ideia que já tinha para a casa.
Falámos de tudo. De arquitectura à medicina, passando pela política e pela culinária, tudo veio à baila, para nos conhecermos, de modo a que a casa estivesse em consonância com o nosso estar e, algum tempo depois, sentámo-nos para analisar a sua proposta.
Aqui vai haver muito sol no verão! A dispensa parece pequena! Onde ponho as máquinas de lavar e de secar? Será que os armários na lavandaria não podem ir até acima. Onde é que se guarda a roupa para lavar? Onde vai ficar o estendal? E que materiais para o isolamento, para o chão, para os quartos de banho? E o jardim? E a garagem? E se vierem visitas, onde põem os carros? ... e mais um sem número de pormenores, até se acordar que se podia andar para a frente e entregar o projecto na Câmara Municipal.
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