“-Ai Sôtôriiiii! O mê pai nã era assim ii! Sôtôriiiiiii! O mê paiii, era um homem munto fortiiii! Era assim um homem para pegar no Sôtôriiii, e …” - rodou um pouco e fixou uma coluna a uns bons 5 metros de distância – “atirá-lo, pelo ar, até àquela coluna ali iiii!!!” e, ao ver o meu espanto, endireitou-se, levantou as mãos à altura dos ombros com as palmas viradas para mim, arregalou os olhos e com a cabeça meio inclinada, emendou: - “Na bincadêra!!!! Sôtôriiiii!”
Aquele corpo de meia-idade, escuro, forte e alto, representava as três dezenas de familiares de todas as idades, que há longas horas se acumulavam no átrio do Hospital a aguardar notícias do patriarca, que entrara aflito de madrugada, no Serviço de Urgência.
“- Sôtôriiiiiii! O mêê paiiii, nãã era assim iiiii! Sôtôriiiiiii!, insistia, enquanto eu lhe tentava explicar que a idade e a doença já eram muita, que ele não tomava os medicamentos e que no dia seguinte, se tudo corresse bem, talvez pudesse ter alta. E, aproveitando o facto de ele estar ali, pedia-lhe para dispersar os familiares, pois o Hospital não permitia mais que 3 visitas por pessoa e que aquele não era o melhor espaço para reter crianças pequenas durante tanto tempo.
“- Sôtôriiiiiii! A gente quer levar o mêê pai iiiiii! Mas quer que ele vá bom! Sôtôriiiiiii! É que a genti iiii, gosta munto do mê pai iii! - Sabe Sôtôriiiiiii! É quê vim agora de Espanha, Sôtôriiiiiii! Ainda há pôco estive lá preso, Sôtôriiiiiii! E queria ver o mêê pai, beim! Sôtôriiiiiii! - O Sôtôriiiiiii tem paizinho, nãã teim! Sôtôriiiiiii!”, e chegava-se tateando a minha sensibilidade para as suas preocupações.
“- Tenho pai e tenho mãe e estou a fazer pelo seu o que faria pelo meu e, quando ele estiver em condições para continuar o tratamento em casa, vai ter alta, e vai precisar da vossa ajuda, para não voltar a entrar pelo mesmo motivo!" , respondi a tentar subir três degraus na sua confiança.
“- Obrigado Sôtôriiiiiii! ! É que a gente gosta munto do mê paiíííí! ! Sôtôriiiiiii! Lá em casa é só bêjinhos, Sôtôriiiiiii!” e…, com os olhos fechados, punha as pontas dos 10 dedos na boca e abria-os repetidamente enquanto dava beijos para o ar!
“- Está bem! Já percebi! Ele vai melhorar! Até amanhã!”
Aquele corpo de meia-idade, escuro, forte e alto, representava as três dezenas de familiares de todas as idades, que há longas horas se acumulavam no átrio do Hospital a aguardar notícias do patriarca, que entrara aflito de madrugada, no Serviço de Urgência.
“- Sôtôriiiiiii! O mêê paiiii, nãã era assim iiiii! Sôtôriiiiiii!, insistia, enquanto eu lhe tentava explicar que a idade e a doença já eram muita, que ele não tomava os medicamentos e que no dia seguinte, se tudo corresse bem, talvez pudesse ter alta. E, aproveitando o facto de ele estar ali, pedia-lhe para dispersar os familiares, pois o Hospital não permitia mais que 3 visitas por pessoa e que aquele não era o melhor espaço para reter crianças pequenas durante tanto tempo.
“- Sôtôriiiiiii! A gente quer levar o mêê pai iiiiii! Mas quer que ele vá bom! Sôtôriiiiiii! É que a genti iiii, gosta munto do mê pai iii! - Sabe Sôtôriiiiiii! É quê vim agora de Espanha, Sôtôriiiiiii! Ainda há pôco estive lá preso, Sôtôriiiiiii! E queria ver o mêê pai, beim! Sôtôriiiiiii! - O Sôtôriiiiiii tem paizinho, nãã teim! Sôtôriiiiiii!”, e chegava-se tateando a minha sensibilidade para as suas preocupações.
“- Tenho pai e tenho mãe e estou a fazer pelo seu o que faria pelo meu e, quando ele estiver em condições para continuar o tratamento em casa, vai ter alta, e vai precisar da vossa ajuda, para não voltar a entrar pelo mesmo motivo!" , respondi a tentar subir três degraus na sua confiança.
“- Obrigado Sôtôriiiiiii! ! É que a gente gosta munto do mê paiíííí! ! Sôtôriiiiiii! Lá em casa é só bêjinhos, Sôtôriiiiiii!” e…, com os olhos fechados, punha as pontas dos 10 dedos na boca e abria-os repetidamente enquanto dava beijos para o ar!
“- Está bem! Já percebi! Ele vai melhorar! Até amanhã!”
1 comentário:
Às vezes precisamos de OS ter bem no sítio...
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