Eu ia escrever um texto sobre objectivos nacionais, que me permitisse organizar o que considero prioridades para mantermos um mínimo de coesão e dignidade como nação, mas o título desviou-me para uma história que me aconteceu numa consulta do Hospital.
Chamo pelo intercomunicador uma doente que havia estado recentemente internada. É uma senhora obesa, diabética, com aquele role habitual de problemas associados, que vão das artroses às doenças vasculares. Aguardo. Batem à porta. Levanto-me para a receber a meio caminho.
Vem acompanhada da filha - uma rapariga que, de tão bonita, parece não lhe pertencer e que até se estranha neste espaço. É loira e alta, mais ainda naqueles saltos que se prolongam por umas infindáveis pernas até uma mini-saia de couro negro, por cima da qual mal pousa uma blusa creme de abonado decote, que indicia não haver soutien e que só uma fina camisola interior, pouco justa ajuda a lhe conter os seios. Quase páro.
Vem acompanhada da filha - uma rapariga que, de tão bonita, parece não lhe pertencer e que até se estranha neste espaço. É loira e alta, mais ainda naqueles saltos que se prolongam por umas infindáveis pernas até uma mini-saia de couro negro, por cima da qual mal pousa uma blusa creme de abonado decote, que indicia não haver soutien e que só uma fina camisola interior, pouco justa ajuda a lhe conter os seios. Quase páro.
Após os cumprimentos volto ao meu lugar. Tento ignorar a filha e focar a atenção nas doenças. Ela não o permite. É interventiva e assume a doença da mãe como se fosse dela. Fala da insulina e das picadas, dos comprimidos e dos achaques, das tensões e da dieta, enquanto a velhota se encolhe. Sabe tudo. Mantenho-me profissional quase até ao fim. Ouço, escrevo, observo, meço, arrumo tudo, prescrevo, marco nova consulta e por fim dirijo-me a ela:
- Desculpe, mas não resisto a perguntar-lhe. Você trabalha em quê?
- Tiro fotografias no Santoinho!, responde, prazenteira.
- E vai assim para lá?
- Sim! Logo que sair daqui, ponho a minha mãe em casa, pego na máquina e vou directa!
Sem resistir, alerto-a.
- Mas com essa mini-saia e esse decote, você vai deixar todos com os olhos em bico!
Ao que ela responde, descontraída:
- Eu ponho a máquina ao pescoço, dobro-me para a frente e digo-lhes "Olhe aqui para o objectivo!", e não há quem não fique bem na fotografia!
- Acredito! Um objectivo desses faz todo o homem ... sorrir!
- Desculpe, mas não resisto a perguntar-lhe. Você trabalha em quê?
- Tiro fotografias no Santoinho!, responde, prazenteira.
- E vai assim para lá?
- Sim! Logo que sair daqui, ponho a minha mãe em casa, pego na máquina e vou directa!
Sem resistir, alerto-a.
- Mas com essa mini-saia e esse decote, você vai deixar todos com os olhos em bico!
Ao que ela responde, descontraída:
- Eu ponho a máquina ao pescoço, dobro-me para a frente e digo-lhes "Olhe aqui para o objectivo!", e não há quem não fique bem na fotografia!
- Acredito! Um objectivo desses faz todo o homem ... sorrir!
1 comentário:
Portanto o título é "Objectiva"!
Já agora a quem pertence a foto!?
É verdade que se tivermos objectivos próximos interesantes, a fotografia do país deixa de preocupar, por aparecer desfocada!
(excepto se usarmos lentes com grandes aberturas ... mas isso já seria muito técnico!)
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